70 projetos de hidrogênio de baixo carbono

Chamada para hubs de hidrogênio no Brasil recebe 70 propostas com custo médio de US$ 4,7/kg

Iniciativa busca cumprir meta do Programa Nacional do Hidrogênio de consolidar hubs no país até 2035

Chamada para hubs de hidrogênio no Brasil recebe 70 propostas, superando expectativas do governo, segundo Patrícia Naccache [na imagem], coordenadora-geral no MME (Foto Mario Agra/Câmara dos Deputados)
Patrícia Naccache, coordenadora-geral de Energias e Tecnologias de Baixo Carbono e Inovação do MME | Foto Mario Agra/Câmara dos Deputados

RIO – A chamada pública aberta pelo governo brasileiro para projetos de hubs de hidrogênio de baixo carbono recebeu 70 propostas de todas as regiões do país, e deve ter resultados finais na próxima semana, disse nesta terça (3/12), Patrícia Naccache, coordenadora-geral de Energias e Tecnologias de Baixo Carbono e Inovação do Ministério de Minas e Energia (MME). 

Durante durante audiência pública na Câmara dos Deputados, que discutiu as oportunidades do hidrogênio para a indústria nacional, Naccache afirmou ainda que o número de propostas superou as expectativas do governo.

A iniciativa busca cumprir meta do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2) de consolidar hubs no país até 2035.

A chamada, lançada em parceria entre o MME, o Ministério da Fazenda e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), tem o objetivo de selecionar projetos que concorrerão a recursos do Climate Investment Funds (CIF). 

O fundo pode destinar entre US$ 125 milhões e US$ 250 milhões a propostas que sejam capazes de integrar a produção e consumo de hidrogênio em uma mesma localidade e reduzir as emissões em setores considerados de difícil descarbonização, como siderurgia e cimento. 

Entre os critérios de seleção estão a capacidade de produção da molécula associada ao uso industrial, a conexão com portos e a maturidade tecnológica dos projetos, que devem estar prontos para operar até 2035.

Perfil das propostas

Projetos que utilizam fontes de eletricidade renovável para eletrólise, como solar e eólica, e também rotas de produção a partir de biomassa e etanol estão na lista de propostas que se inscreveram no edital. 

O custo médio de produção é de US$ 4,7 por quilo de hidrogênio de baixo carbono (LCOH), variando entre US$ 2 e US$ 8/kg, com capacidades que variam de 1.000 a 350 mil toneladas anuais de hidrogênio e derivados, como amônia e metanol. 

Todas as regiões do país estão concorrendo: Nordeste (Bahia, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Piauí, Sergipe, Rio Grande do Norte), Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina), Norte (Pará) e Centro-Oeste (Goiás e Mato Grosso do Sul).

Esses empreendimento também preveem aplicações diversas para o hidrogênio: de fertilizantes para o agronegócio até uso nas indústrias de cimento, siderurgia e refino, além do setor de transportes. 

Para Nacacche, foi possível observar o nível avançado de maturidade de muitos projetos de hidrogênio em desenvolvimento, um dos critérios da chamada pública. 

“Três anos atrás, todo mundo achava que isso seria daqui a 10 anos. Chegamos três anos depois, com muitos projetos bem concretos, já com licenciamento ambiental aprovado pelo governo estadual, com projetos bem desenhados”, disse a coordenadora. 

Ela lembrou que o governo já selecionou três projetos de hidrogênio verde – Atlas Agro, Fortescue e Vale – para captar investimentos internacionais por meio da Plataforma de Investimentos em Transformação Climática e Ecológica do Brasil (BIP)

Segundo a coordenadora, o governo também prevê identificar outros projetos prioritários para futuros financiamentos internacionais. 

“Temos que estar no caminho certo para o desenvolvimento do setor no Brasil e com grande potencial para a descarbonização industrial”, concluiu.