RIO – Até o final de 2025, a Casa dos Ventos espera chegar à decisão final de investimento (FID) para a planta de produção de hidrogênio verde no Porto do Pecém, no Ceará, em parceria com a TotalEnergies – que adquiriu 34% da empresa.
“Temos expectativa de chegar até o final do ano que vem com o FID”, afirmou o chefe de novos negócios de Power to X da Casa dos Ventos, José Augusto Campos, à agência eixos, na terça (24/9).
Segundo o executivo, o plano é iniciar a exportação de amônia verde para o Porto de Roterdã, na Holanda, em 2029, e chegar até 2030, a um volume de 2 milhões de toneladas de amônia.
Ele explicou que enquanto desenvolve tecnicamente o projeto, o grupo já está prospectando possíveis clientes e meios de financiamento.
“Estamos olhando o mercado europeu e a TotalEnergies pode participar desse processo de encontrar offtakers (…). Já conversamos com vários players do setor financeiros, que demonstram interesse, mas não podem tomar a decisão de financiamento [agora] porque o projeto ainda não está completo. O BNDES é o principal deles”.
Além disso, o executivo também mantém conversas com fornecedores de eletrolisadores e equipamentos para síntese de amônia.
E-metanol precisa de competitividade
Além de amônia para exportação, a empresa também vem estudando a possibilidade de produção de e-metanol, um combustível marítimo derivado do hidrogênio verde. e-me
Entretanto, por conta da necessidade de CO2 biogênico para produção do combustível, as plantas deveriam estar localizadas no interior do país, próximos ao agronegócio, o que, segundo Campos, traria necessidade de ampliação dos incentivos atualmente contemplados nas legislações do hidrogênio.
“Tem que haver algum mecanismo de incentivo para que possamos desabrochar essa indústria dentro do país”, disse à eixos.
Durante um painel na ROG.e na terça, Gomes apontou que os incentivos previstos no marco legal do hidrogênio acabam trazendo mais vantagens às plantas instaladas nas Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) dos portos.
“Quem está no interior do Brasil não consegue essa competitividade. A lei precisa ser mais específica não só para exportação mas também para uso dentro do país”.
Viabilidade no mercado doméstico
Mauro Andrade, diretor executivo de Desenvolvimento de Negócios da Prumo, destaca que projetos de produção de e-metanol que miram exclusivamente a exportação não são economicamente viáveis.
Hoje, o e-metanol é considerado uma das alternativas viáveis para descarbonização do setor marítimo. Contudo, Andrade destaca que o Brasil poderia substituir parte do metanol fóssil, hoje importado do Chile, por e-metanol produzido internamente.
“Só no setor marítimo o projeto não fica de pé. Há um mercado doméstico para produção de biodiesel, que pode ser complementar à indústria marítima”, afirma.
“Hoje importamos metanol que vem do Chile feito com gás da Argentina”, destaca.
Controlado pela Prumo, o Porto do Açu, no Rio de Janeiro, e a multinacional de e-combustíveis HIF Global assinaram, também na terça, um contrato para reserva de área dentro do hub pré-licenciado de hidrogênio e derivados do complexo, para desenvolver uma instalação de e-metanol.
A produção do combustível marítimo utilizará hidrogênio obtido a partir da eletrólise com energia renovável e CO2 reciclado.
O e-metanol poderá ser exportado pelo Terminal de Líquidos do Açu.