“Vamos mudar a forma de produzir aço nos próximos anos,” afirma Erick Torres, vice-presidente de Operações de Aços Planos da ArcelorMittal Brasil, à agência epbr.
Segundo o executivo, as primeiras iniciativas para reduzir emissões de CO2 na produção de aço pela companhia estão baseadas na utilização do gás natural nos altos fornos, em substituição ao carvão mineral.
“Hoje a gente consome em torno de 5% de gás natural (proporcionalmente), mas queremos atingir 15% até 2030”, conta Torres.
Por enquanto, o gás natural está sendo utilizado na usina de Tubarão (ES), mas em breve poderá ser usado também na unidade João Monlevade (MG).
A produtora de aço também espera aumentar sua ambição para reduzir emissões de CO2 ao longo da década. A meta atual é reduzir as emissões em 10% até 2030.
“Muito provavelmente a nossa ambição de redução ao longo da década deverá aumentar. (..) Nosso plano prevê a revisão dessa meta a cada ano”, revela o gerente geral de Sustentabilidade da companhia, Guilherme Abreu.
Globalmente, a ArcelorMittal espera alcançar a neutralidade até 2050. Para tanto, a empresa vem investindo na utilização de energia renovável, reutilização de sucata, e desenvolvendo estudos para aplicação de hidrogênio verde nas operações futuras.
Desafio de descarbonizar a siderurgia é grande
A indústria siderúrgica precisa do carbono para geração de energia e como agente redutor do minério de ferro. Uma parte deste carbono é incorporada ao produto, enquanto outra porção, após a combustão, é emitida na forma de CO2.
Uma das soluções para diminuir a participação do carbono no processo produtivo é a utilização máxima de sucata.
A ArcelorMittal no Brasil utiliza hoje de 8 mil a 10 mil toneladas de sucata por mês, mas espera chegar a 50 mil toneladas mês ao longo da década.
“A sucata de aço já passou por todo esse processo de geração de CO2 na sua produção. Então, a reciclagem da sucata não terá a mesma pegada CO2 que o aço produzido a partir do minério de ferro”, explica Guilherme Abreu.
Outras inciativas são a auto geração de energia a partir de reutilização de gases emitidos na produção de aço e a adoção de energia renovável na matriz.
“No grupo geramos internamente em torno de 50% de toda energia consumida. Na unidade de Tubarão chegamos a 130% (…) Desses 50% que nós compramos, 95% é renovável, hidrelétrica, solar e na maioria eólica”, detalha Abreu.
Hidrogênio verde e offset na produção de aço
Paralelamente às medidas já adotadas, a companhia também vem se preparando para incorporar o hidrogênio verde nas suas operações.
“Nossa impressão é que até o final da década, esse hidrogênio passe a ser um substituo do gás natural, a partir do momento em que ele se torne competitivo”, acredita o gerente de Sustentabilidade da Arcelor.
“A partir de 2030, teremos uma grande parcela do uso de hidrogênio limpo nos processos”, explica.
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Entretanto, ele considera que hoje o hidrogênio verde ainda precisa de desenvolvimento tecnológico que viabilize sua aplicabilidade.
“O hidrogênio não é a bala de parta da siderurgia, ele é parte da solução. Mas, hoje, ele não é a solução definitiva”.
Guilherme também chama atenção para a necessidade da compensação das emissões.
“Mesmo com todas essas ações, não tem como chegar a 2050 zero carbono, globalmente. Mesmo somando isso tudo, ainda sobrará uns 10% que será compensado com offset”.
Segundo ele, a Arcelor no Brasil possui uma vantagem em relação a isso, já que a empresa conta com florestas plantadas para a produção de carvão vegetal, que funcionam como sistemas de sequestro de carbono.