Inernacional

Adnoc adquire 35% do projeto de hidrogênio azul da ExxonMobil no Texas

O aporte bilionário da companhia dos Emirados Árabes traz mais de certeza para a conclusão do projeto que andava em risco, devido a falta de incentivos do governo dos EUA

Adnoc adquire 35% do projeto de hidrogênio azul da ExxonMobil no Texas (Foto: Divulgação ExxonMobil)
Executivos da ExxonMobil e Adnoc durante assinatura de acordo (Foto: Divulgação ExxonMobil)

RIO — A Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc) anunciou, na quarta (4/9), a aquisição de uma participação de 35% no projeto de produção de hidrogênio e amônia de baixo carbono da ExxonMobil em Baytown, Texas. 

“Esta parceria reforça nossa estratégia de expansão internacional e nosso compromisso com fontes de energia de menor intensidade de carbono”, disse o CEO da Adnoc, Sultan Ahmed Al Jaber. 

O valor da operação não foi revelado, entretanto, Michele Fiorentino, vice-presidente de soluções de baixo carbono da companhia, disse a jornalistas que o investimento foi “na escala de vários bilhões de dólares”. 

A planta de produção de hidrogênio planejada pela ExxonMobil espera produzir 1 bilhão de metros cúbicos de hidrogênio azul por dia, a partir da reforma do gás natural, e mais de 1 milhão de toneladas de amônia anualmente, enquanto captura e armazena 7 milhões de toneladas de CO2 por ano.

O aporte bilionário da Adnoc traz um pouco mais de certeza para a conclusão do projeto que andava em risco. Isso porque, antes do anúncio, a ExxonMobil estava em compasso de espera aguardando incentivos governamentais dos Estados Unidos, previstos na Lei de Redução da Inflação (IRA, em inglês)

“Trazer os parceiros certos é essencial para acelerar o desenvolvimento do mercado, e temos o prazer de adicionar a experiência comprovada e os insights do mercado global da Adnoc à nossa instalação em Baytown”, afirmou o CEO da companhia, Darren Wood.

Em março, durante a CERAWeek, Wood chegou a dizer que o projeto não seguiria adiante se o governo Biden retivesse incentivos fiscais para instalações alimentadas por gás natural. 

Em dezembro do ano passado, as diretrizes sobre alocação de incentivos fiscais para plantas de hidrogênio, publicadas pelo do Tesouro dos EUA, não mencionaram instalações que usam o gás natural como matéria-prima. 

A decisão final de investimento está prevista para 2025, e a conclusão das obras para 2029. 

Recentemente, a ExxonMobil também anunciou um acordo com a Air Liquide para fornecimento de oxigênio para produção de hidrogênio azul nas suas instalações no Texas. 

Adnoc avança em projetos de hidrogênio

Além do Texas, a Adnoc vem investindo em outros projetos de hidrogênio como parte de suas estratégias de descarbonização. 

Recentemente, uma joint venture com o grupo OCI, a Fertiglobe, venceu  o contrato do primeiro leilão de hidrogênio e derivados da Alemanha, o H2Global.

A Fertiglobe, sediada no Emirados Árabes, irá produzir amônia verde no Egito, em uma planta com 273 megawatts de capacidade de produção. 

No contrato estimado em 397 milhões de euros, a Alemanha espera importar do Egito, entre 2027 e 2033, até 397 mil toneladas de amônia verde. No total, isso representa mais de 10% da produção anual de amônia da Alemanha. 

No Reino Unido, a Adnoc tem participação de 25% no projeto de hidrogênio azul da bp, o H2Teesside. A inciativa prevê duas unidades de produção de hidrogênio de 500 MW até 2030, com o início das operações em 2027.

Nos Emirados Árabes, a empresa está construindo outra planta de produção de amônia azul no polo petroquímico TA’ZIZ, em Ruwais, Abu Dhabi. O projeto é parte da estratégia de exportação de hidrogênio do país, olhando para os mercados do Japão e Coreia do Sul.