RIO — A Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (Abihv) assinou, na quarta (21/5), uma Carta de Intenções de Cooperação com o Conselho Belga do Hidrogênio (BHC, em inglês) e a Flanders Investment and Trade (FIT), órgão de promoção de comércio e investimentos da região da Flandres, na Bélgica.
“Um passo importante na construção de parcerias estratégicas entre Brasil e Bélgica” na indústria do hidrogênio verde, acredita a associação.
A assinatura ocorreu durante um evento do setor em Amsterdã, nos Países Baixos, e recebeu apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
“A assinatura desta carta representa o fortalecimento das relações bilaterais e o reconhecimento do potencial brasileiro no cenário global do hidrogênio de baixo carbono. É um avanço significativo para o posicionamento do Brasil como protagonista na transição energética mundial”, comenta a CEO da Abihv, Fernanda Delgado.
O acordo prevê cooperação em áreas-chave como produção, cadeia de suprimentos, certificação, inovação tecnológica e infraestrutura voltadas ao vetor energético e seus derivados.
Como desdobramento, a ideia é criar uma força-tarefa conjunta entre Abihv, BHC e FIT, com o objetivo de identificar e desenvolver oportunidades concretas de colaboração, e engajar setores estratégicos, incluindo o setor privado, a academia e autoridades governamentais, tanto no Brasil quanto na Bélgica.
Em abril, a associação também assinou um acordo para cooperação entre as suas empresas associadas e o Banco Japonês para Cooperação Internacional (JBIC), no setor de hidrogênio e seus derivados, incluindo a amônia verde.
Mercado de hidrogênio na Bélgica
O governo da Bélgica tem implementado uma série de medidas para desenvolver o mercado de hidrogênio, dentro de sua estratégia nacional para o setor.
Entre as principais ações está a Lei de Transporte de Hidrogênio por Dutos, publicada em 2023, que estabeleceu a designação de um operador de rede de hidrogênio responsável pelo planejamento, desenvolvimento e gestão da infraestrutura de transporte no país.
O operador escolhido foi a Fluxys, um dos maiores operadores de infraestrutura de gás da Europa, e que controla 30% da TBG (Gasbol).
O governo belga aprovou um pacote de 250 milhões de euros para apoiar financeiramente a construção de conexões com a Alemanha e o desenvolvimento da rede de hidrogênio entre os principais polos industriais do país, como Ghent, Antuérpia, Mons, Charleroi e Liège.
A Fluxys já identificou os corredores necessários para conectar França, Bélgica, Alemanha e Países Baixos, olhando para os grandes mercados importadores e consumidores de hidrogênio.
Contudo, o ritmo lento do desenvolvimento da demanda de hidrogênio fez com que o operador revisasse sua estratégia, apostando apenas na construção de um pequeno trecho da rede ligando dois portos da Bélgica, Ghent e Antuérpia.
O Porto de Antuérpia-Bruges é um dos pioneiros na economia do hidrogênio e pretende assumir uma posição de liderança como polo europeu de importação de hidrogênio verde, já a partir de 2026, olhando para possíveis exportadores como Chile, Omã, Namíbia, EUA, Canadá, Egito e Brasil.