Energia

Hidrogênio verde pode movimentar US$ 20 bi por ano no Brasil até 2040, estima Air Products

Política brasileira para hidrogênio não deve discriminar rotas. Na imagem: cais do porto do Pecém (Foto: CIPP/Divulgação)
(Foto: CIPP/Divulgação)

De acordo com Marcus Silva, diretor comercial da Air Products — fabricante americana de gases e líder mundial no suprimento de hidrogênio – o mercado interno de hidrogênio verde (H2V) no Brasil poderá movimentar até US$ 20 bilhões anuais até 2040.

A afirmação foi feita durante evento organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) e pelo Consulado Geral da Noruega no Rio de Janeiro, na última quarta (29).

“Em termos de mercado de hidrogênio verde no Brasil, estimamos que antes de 2040 esse mercado estará na faixa de US$ 15 a US$ 20 bilhões por ano, e também vemos a oportunidade de exportar entre US$ 3 e US$ 5 bilhões por ano”, afirmou o executivo da Air.

A companhia, que já é responsável por mais 40% do market share global de hidrogênio cinza e azul (produzidos a partir de gás natural), agora espera produzir hidrogênio verde no Brasil. Segundo Marcus, o Nordeste brasileiro é o que apresenta as melhores condições para receber projetos de H2V.

“Nós vemos Ceará, Rio Grande do Norte e Maranhão como os possíveis melhores candidatos para abrigar um projeto de hidrogênio verde (…) Também estamos olhando oportunidades no Rio de Janeiro e Espírito Santo”.

Com exceção do Maranhão, todos os estados citados já contam memorandos de entendimento para construção de unidades produtoras de H2V.

O executivo explica que os três estados do Nordeste possuem portos próximos a Roterdã — principal porto de entrada da Europa — e, além disso, contam com a possibilidade de transportar H2V via cabotagem para atender indústrias de aço localizadas no Sudeste.

Marcus também destacou a ferrovia que liga o Porto de Itaqui, no Maranhão, ao Pará, que possibilita o transporte de H2V para aplicação nas atividades de mineração no estado.

Parceria com a Noruega

“Uma colaboração mais estreita entre empresas brasileiras e norueguesas pode acelerar nossos passos em direção a um futuro comum de baixa emissão e gerar novos empregos verdes inclusivos em ambos os nossos países”, destacou a cônsul da Noruega no Rio de Janeiro, Marianne Fosland.

A ambição do país nórdico é que em dez anos o hidrogênio seja uma alternativa real no setor marítimo assim como uma alternativa madura para a indústria

Citando os projetos anunciados no Nordeste brasileiro, em especial o hub de hidrogênio do Ceará, Marianne diz que o Brasil está se posicionando rapidamente para aproveitar o potencial de geração renovável na produção de H2V e desenvolvimento do mercado.

Amônia azul para navegação

Jørg Aarnes, líder global de soluções de baixo carbono da norueguesa DNV vê no Brasil potencial para produção também de hidrogênio e amônia azul, para utilização como combustível marítimo.

“Podemos ajudar o Brasil a se tornar um líder em hidrogênio e amônia azul”, disse.

Segundo o executivo, a Noruega é pioneira no desenvolvimento de transporte marítimo de baixo carbono, bateria, hidrogênio e amônia. E esta última será uma alternativa relevante para o transporte marítimo.

“Já vimos que a amônia é um combustível para transporte marítimo que se tornará comercial em 2023 2024 e os primeiros navios estão em processo de construção”, lembrou.

Já para regiões onde já existem gasodutos, Aarnes defendeu que a reutilização e adaptação da infraestrutura de gás já existente será a maneira mais viável para transporte do hidrogênio.

“O custo para utilizar pipelines já existentes é de 10% a 35% do custo para construir um novo pipeline”, explicou.