RIO — O governo da Bahia vai pagar R$ 540 milhões pela compra da participação da Gaspetro na Bahiagás, com a intenção de revender ao menos parte do capital da distribuidora no futuro.
O secretário estadual de Infraestrutura, Marcus Cavalcanti, conta que o Executivo ainda avalia se vai privatizar a concessionária, por meio da venda do controle da empresa; ou se vai negociar apenas as ações recém-compradas. A decisão será tomada em 2023, num novo governo.
As eleições na Bahia: O atual governador baiano, Rui Costa (PT), não pode mais concorrer à reeleição. O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), é o favorito na eleição estadual deste ano. De acordo com a pesquisa mais recente da TV Record/RealTime Big Data, divulgada no dia 9 de junho, ACM Neto lidera com 56% das intenções de voto, enquanto o candidato do PT, o ex-secretário de Educação Gerônimo Rodrigues aparece em segundo, com 18%. O deputado federal e ex-ministro da Cidadania, João Roma, está em terceiro, com 10%.
“Desde o início, achamos o preço da participação da Gaspetro, de R$ 540 milhões, muito baixo. A Bahiagás é uma empresa com enorme potencial de valorização”, comentou o secretário.
O valor que o estado da Bahia vai pagar pelas ações da distribuidora representa cerca de um quarto do montante que a Compass pagará pelo controle da Gaspetro, de R$ 2,03 bilhões.
O estado da Bahia já era o controlador da Bahiagás, com 51% das ações com direito a voto, e vai passar agora a deter 75%. Já a participação estatal no capital total passará de 17% para 57%.
“Agora vamos analisar com calma se vamos vender todas as ações ou apenas a parte que compramos agora.” explicou.
Segundo Cavalcanti, a compra das ações da Gaspetro na Bahiagás deverá ser concluída até agosto. O governo baiano ainda aguarda que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) publique a íntegra dos votos da sessão que aprovou, na semana passada, por unanimidade, a venda da subsidiária da Petrobras para a Compass (Grupo Cosan).
A transação foi aprovada sem remédios. A única ressalva é que a Compass terá que concluir, em até três anos, a venda – já anunciada pela empresa – da participação da Gaspetro em 12 das 18 distribuidoras estaduais de gás canalizado que compõem a Gaspetro (agora 17, sem a Bahiagás). Caso contrário, a decisão poderá ser revista.
Entenda: A Compass firmou, em março, dois contratos diferentes, para alienação de um conjunto de cinco concessionárias para um comprador e de sete outras concessionárias para um segundo agente. Em maio, o CEO da empresa do grupo Cosan, Nelson Gomes, disse que os contratos vinculantes estão sujeitos a uma série de condições precedentes — como o direito de preferência dos estados pela aquisição das distribuidoras que não fazem parte dos planos da Cosan. “Dependendo [do direito de preferência exercido ou não pelos estados], boa parte desses desinvestimentos deixam de existir”, disse.
A intenção do governo da Bahia de comprar a participação da Gaspetro na Bahiagás foi anunciada no ano passado, assim que a Compass assinou contrato com a Petrobras para aquisição dos 51% detidos pela estatal na Gaspetro.
Aposta na valorização do ativo
Segundo Cavalcanti, a Bahiagás tem uma posição diferenciada entre as distribuidoras. Enquanto a maioria das outras empresas tem a Petrobras como a principal supridora de gás, a distribuidora baiana tem dez supridores.
A petroleira estatal é a terceira maior fornecedora, com apenas 15% do mix de suprimento da concessionária.
O maior fornecedor da distribuidora baiana é a Galp, seguida da Shell. Atualmente a Bahiagás compra 3,6 milhões m3/dia.
Em 2021, a empresa teve lucro líquido de R$ 117 milhões, o que representou um crescimento de 112% em relação ao ano anterior. Cavalcanti também cita o aumento do número de clientes da companhia — que saltou de 1,5 mil, em 2007, para 65 mil em 2022.
“É uma empresa com grande potencial de valorização. No ano passado, por exemplo, pagou aproximadamente R$ 50 milhões de dividendos para os sócios. Ou seja, os R$ 540 milhões que investimos na compra das ações estariam pagos em dez anos, aproximadamente. Acredito que se vendermos uma parte ou a totalidade [das ações na Bahiagás] também será um ótimo negócio”, reforçou.
Enquanto a decisão de venda não é tomada, o governo baiano e a Mitsui, que também é sócia da Bahiagás, trabalham para modernizar a governança da empresa.
“Ela é muito antiga. No contrato de compra de gás, que é de 1991, está escrito que o preço da molécula é o vendido pela Petrobras. Estamos vendo essas questões para tornar a administração da Bahiagás mais simples e moderna”, citou.