Glasgow – Para uma plateia de quatro pessoas, além de transmissão online, representantes do governo brasileiro abriram o dia no pavilhão do Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas — COP26, com a apresentação de resultados do projeto Siderurgia Sustentável, que utiliza carvão verde para reduzir emissões na produção de aço.
Entre os setores de difícil descarbonização, a indústria siderúrgica precisa do carbono para geração de energia e como agente redutor do minério de ferro. Uma parte deste carbono é incorporada ao produto, enquanto outra porção, após a combustão, é emitida na forma de CO2.
Usando recursos do fundo global para o meio ambiente (GEF), o projeto teve início em 2014 com o objetivo de reduzir emissões no setor de siderurgia no Brasil, já que o aço brasileiro responde por mais de 3% das emissões de carbono do país.
Abrangendo seis projetos, o Siderurgia Sustentável foi responsável pela redução de emissões de 111.218 toneladas de CO2 por ano, ante uma meta inicial de redução de 21.600tCO2.
Além de trazer um tema controverso, já que muitos ambientalistas questionam o uso do termo “carvão limpo”, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) escolheu apresentar um projeto com data para terminar já no fim deste ano, após cinco anos de duração.
Coordenado pelo MMA, o projeto contou com parceria com o governo de Minas Gerais e dos ministérios da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, e da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Paulo Toledo, diretor do Departamento de Clima do MMA, disse que seis plantas siderúrgicas foram convertidas com o projeto, além de seis pequenos produtores de carvão. “Hoje elas não usam mais florestas nativas para carvão, usam florestas plantadas, que são renováveis,” explicou.
Felipe Bittencourt, CEO da consultoria privada Way Carbon, explicou que o uso de biomassa como combustível faz com que as emissões dessa parte específica da produção sejam consideradas neutras, já que o material usado havia sido plantado e será replantado novamente.
A consultoria atuou já no final do projeto, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), para verificar a quantidade de emissões indiretas presentes na siderurgia.
“O contrato da Way Carbon foi com o PNUD. Teve recursos especificamente para isso, para alavancar a discussão de como a siderurgia brasileira consegue ser menos emissora. Por mais que a gente já use muita biomassa renovável, ainda tem um tanto de oportunidades de melhorias”, disse Bittencourt à Estratégia ESG, parceria da epbr com a Alter Conteúdo.
Além de reduzir as emissões do processo produtivo da siderurgia, o projeto também buscou aumentar a produtividade, “produzindo mais com o mesmo recurso”.
“Você pode usar a mesma quantidade de madeira reflorestada e, com o método produtivo, tirar uma quantidade maior de carvão vegetal porque melhorou o rendimento da sua produção”, explicou.