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GNLink prepara novos projetos de GNL em pequena escala e mira Argentina

Distribuidora de GNL small-scale prevê iniciar este ano as operações no mercado brasileiro

GNLink, controlada pelo grupo Lorinvest, prepara novos projetos de GNL em pequena escala (small scale) e mira Argentina. Na imagem: CEO da GNLink, Marcelo Rodrigues; homem branco, cabelos curtos e penteados para o lado, usa terno escuro e gravata azul claro, com o Pão de Açúcar (Rio de Janeiro) ao fundo (Foto: Divulgação)
CEO da GNLink, Marcelo Rodrigues, vê potencial para GNL em pequena escala no Brasil (Foto: Divulgação)

RIO – A GNLink, distribuidora de gás natural liquefeito (GNL) em pequena escala, prevê iniciar este ano as operações de suas duas primeiras plantas de liquefação no Brasil. Em paralelo, a companhia espera confirmar mais dois novos projetos do tipo nos próximos meses e também mira oportunidades de importar, no futuro, gás da Argentina.

A empresa, controlada pelo grupo Lorinvest, está investindo US$ 115 milhões nas suas duas primeiras unidades de liquefação: uma no Paraná, que visa escoar via carretas a produção do campo de Barra Bonita, operado pela Tradener; e a segunda em Itabuna, na Bahia, num projeto em parceria com a Petrobahia. A fornecedora do gás, nesse caso, é a Bahiagás, distribuidora estadual de gás canalizado.

Cada planta terá capacidade para 98 mil m3/dia – sendo 88 mil m3/dia de GNL e 10 mil m3/dia de gás comprimido (GNC). O plano é replicar o mesmo modelo nos novos projetos.

A ideia é que um deles seja implementado junto ao campo de produção de gás onshore no Nordeste; e que a segunda unidade, prevista para ser construída na região Sul, tenha como fonte de suprimento o gás oriundo da rede de distribuição local.

A expectativa é que a decisão final de investimentos dessas duas novas plantas de liquefação ocorra ainda no primeiro trimestre.

A monetização do gás

O presidente da GNLink, Marcelo Rodrigues, conta que 46% da capacidade das plantas de Barra Bonita e Itabuna já está contratada.

Segundo o executivo, os projetos miram indústrias e o mercado de gás natural veicular (GNV) – tanto postos de revenda para veículos leves quanto os corredores azuis para abastecimento de frotas de veículos pesados.

Rodrigues pontua que a GNLink cogita, em alguns casos, entregar o gás na ponta, diretamente para os consumidores, mas que a companhia mira, sobretudo, os projetos estruturantes (redes isoladas de gás canalizado) das distribuidoras estaduais de gás natural. Ele vê a demanda aquecida por projetos de gasodutos virtuais no país.

“Há iniciativas concretas de projetos estruturantes. Confiamos muito nisso e queremos ajudar as distribuidoras a interiorizar o gás”, afirmou o CEO da GNLink, em entrevista à agência epbr.

A empresa participa, nesse sentido, de concorrências da Compagas (PR) e Bahiagás (BA).

Argentina e biometano também estão no radar

Outras frentes que a GNLink pretende explorar, no futuro, são a distribuição de biometano na forma liquefeita e a importação de gás argentino – além de hidrogênio em pequena escala e cabotagem de GNL.

Rodrigues afirma que a empresa mantém conversas com agentes do mercado do país vizinho, mas que ainda não há nenhum movimento concreto.

A mudança de governo na Argentina, no fim de 2023, deixou o mercado em compasso de espera. O grande desafio, segundo ele, será conseguir compromissos de oferta de gás firme, dado o caráter sazonal da demanda argentina.

“Hoje o grande ponto é não só o preço, mas confiabilidade de suprimento”, disse.

No biometano, a GNLink fechou um acordo de cooperação com a comercializadora paulista Migratio para desenvolvimento conjunto de operações verticalizadas no mercado do gás renovável.

Rodrigues, porém, afirma que o desenvolvimento de projetos nesse mercado ainda não está maduro.

“Há desafios a serem superados e, economicamente, não está tão competitivo. Os produtores, quem detém a molécula, estão precificando de forma elevada. Isso está dificultando a estruturação de projetos ao meu ver”, comentou.

GNLink espera que novas regras da ANP agilizem projetos

Rodrigues afirma que as plantas de liquefação de Barra Bonita e Itabuna devem começar a operar comercialmente no terceiro trimestre.

Os equipamentos do projeto paranaense, segundo ele, já estão no Brasil, à espera da autorização da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para início da montagem.

O órgão regulador está revisitando a portaria 118/2000, que trata da distribuição de GNL a granel e construção, ampliação e operação dessas centrais de distribuição. A previsão da ANP era publicar as novas regras em 2023, mas o processo atrasou.

Rodrigues vê com bons olhos as mudanças propostas pela agência – que devem simplificar a autorização, ao eliminar uma etapa do processo: a autorização para construção das centrais de distribuição.

“O empreendedor vai poder investir no projeto com as mesmas exigências técnicas e ambientais de antes e, por fim, solicitar a autorização de operação… Com uma etapa suprimida, ganha-se mais velocidade no início do projeto”, comentou.

A GNLink deu mais um passo na viabilização de suas primeiras unidades, ao anunciar esta semana a assinatura de um contrato de dez anos com a transportadora Contatto, para o transporte de GNC e GNL, além do aluguel de equipamentos. O plano da GNLink é ter uma frota própria, mas terceirizar a operação logística.

Rodrigues conta que a empresa entregará aos clientes certificados de transporte carbono zero – já que a Contatto fará compensação de 100% das emissões, por meio de projetos de energia solar, reflorestamento, compra de créditos de carbono etc.

O executivo explica que, no projeto de Itabuna, a Transbahia, da Petrobahia, será o transportador preferencial para as operações, mas não se trata de um contrato de exclusividade e que o fornecedor poderá variar de acordo com as condições de competitividade.