Diálogos da Transição

Geração distribuída ultrapassa 14 GW; mercado livre avança em 23 estados

O total de energia gerada pelos próprios consumidores equivale ao da usina hidrelétrica de Itaipu

Geração distribuída ultrapassa 14 GW; mercado livre avança em 23 estados. Na imagem, painéis solares fotovoltaicos sobre telhados (Foto: Divulgação/Volta Energia)
Hoje, são 1,3 milhão de unidades com GD, sendo 99% fotovoltaicos conectados à rede (Foto: Divulgação/Volta Energia)

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Editada por Nayara Machado
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A geração própria de energia alcançou 14,3 gigawatts (GW) de capacidade instalada no Brasil em setembro, com a maior parte da geração vindo de painéis solares em residências, comércios, indústrias, produtores rurais e prédios públicos, de acordo com dados da Aneel.

O total de energia gerada pelos próprios consumidores equivale ao da usina hidrelétrica de Itaipu, segunda maior do mundo e a maior do continente americano.

“Do final de 2021 para outubro deste ano, a geração própria de energia solar saltou de 8,4 GW para 14 GW de potência instalada, um crescimento 66,7%, enquanto os investimentos saltaram neste período de R$ 42,4 bilhões para R$ 76,7 bilhões, um aumento de 80,9%”, comenta Rodrigo Sauaia, CEO da Absolar, associação que representa o setor fotovoltaico.

Apesar de o ano ainda não ter acabado, o executivo classifica 2022 como o melhor período para a energia solar no Brasil.

O setor está apostando que este é o ano da “corrida ao sol”, já que a partir de 6 de janeiro de 2023 os novos consumidores que optarem pela instalação de GD passarão a pagar tarifas que hoje são subsidiadas.

Além disso, a Absolar vê também as altas no preço da eletricidade como um fator a mais para o crescimento acelerado dos sistemas fotovoltaicos em residências e pequenos negócios.

Hoje, são 1,3 milhão de unidades com geração distribuída, sendo 99% sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede.

Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso e Santa Catarina lideram em capacidade instalada.

GD em números

Em quantidade de sistemas instalados, os consumidores residenciais estão no topo da lista, com 78,8% das conexões.

Em seguida, aparecem os pequenos negócios dos setores de comércio e serviços (11,4%), consumidores rurais (7,9%), indústrias (1,7%), poder público (0,3%) e outros tipos, como serviços públicos (0,02%) e iluminação pública (0,005%).

Em potência, as residências também lideram o uso da energia solar, com 48,4% da potência instalada, seguidos pelos pequenos negócios dos setores de comércio e serviços (29,8%), consumidores rurais (13,9%), indústrias (6,8%), poder público (1,1%) e outros tipos, como serviços públicos (0,1%) e iluminação pública (0,01%).

Cobrimos por aqui:

Mercado livre avança em 23 estados

O consumo de energia via mercado livre cresceu em 23 estados brasileiros e no Distrito Federal, mostra levantamento da Abraceel, associação que representa as comercializadoras de energia. Apenas Amazonas, Rondônia e Goiás não registraram crescimento

Segundo a pesquisa, quatro novas comercializadoras surgem por mês para atender o movimento de expansão de unidades consumidoras no ambiente de contratação livre.

Nos últimos 12 meses, a quantidade de consumidores cresceu 18%.

Em Minas Gerais e no Pará, mais da metade da eletricidade demandada mensalmente pelos consumidores já é proveniente do mercado livre de energia.

Destaque também para Rio de Janeiro e região Sul do país, onde a participação no consumo estadual total avançou mais de quatro pontos percentuais em 2022.

No Brasil, o mercado livre de energia foi responsável por atender 37,2% da demanda nacional por eletricidade em julho, contra 34,4% em janeiro deste ano.

Setor está otimista

Além dos dados que mostram crescimento da demanda, as propostas do governo de abertura desse mercado injetou novo ânimo.

No final de setembro o Ministério de Minas e Energia (MME) colocou em consulta duas portarias para ampliar o acesso ao mercado livre de energia (ACL), o que, segundo projeções do setor, deve ampliar o número de unidades consumidoras no ACL de 30 mil para 120 mil unidades de alta tensão já a partir de 2024, e mais de 80 milhões de consumidores a partir de 2028.

No Congresso também tramita o PL 414/2021 com propostas para regulamentar essa migração.

Segundo a Abraceel, as comercializadoras estão se preparando para essa nova onda. No último ano, 49 novas empresas surgiram, elevando o número para 482 comercializadoras de energia.

Diretrizes para eólicas offshore

O Ministério de Minas e Energia (MME) publicou hoje (20/10) duas portarias com regras e diretrizes para cessão de uso de áreas fora da costa (offshore) para geração de energia elétrica.

Os textos, que regulamentam o Decreto nº 10.946/2022, passaram por consulta pública e receberam 378 contribuições.

Agora, o MME tem até 30 de julho de 2023 para definir questões pendentes como a metodologia de cálculo do valor devido à União e o limite máximo de área a ser cedida em um mesmo contrato.

Nos EUA, leilão à vista

Enquanto isso, nos EUA, o governo Biden marcou para 6 de dezembro o primeiro leilão do país para desenvolvimento de energia eólica offshore flutuante em escala comercial. A licitação terá como alvo áreas no Oceano Pacífico ao largo da Califórnia.

Ainda falta descrever os detalhes do arrendamento. Ao todo, serão cinco áreas da Califórnia suficientes para 4,5 GW de capacidade. AP News

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Emissões de energia desaceleram em 2022

A expansão de instalações de energias renováveis e de veículos elétricos ajudou a puxar para baixo a demanda por combustíveis fósseis e, consequentemente, suas emissões.

Dados da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) mostram que as emissões globais de CO₂ pela queima de fósseis devem aumentar pouco menos de 1% em 2022, em relação ao ano passado.

Neste ano, o crescimento das emissões deve ser de 300 milhões de toneladas, fechando em 33,8 bilhões de toneladas em dezembro, isto é, apenas uma fração do aumento de quase 2 bilhões de toneladas em 2021, quando a IEA registrou o nível de emissões relacionado ao setor energético mais alto de todos os tempos. Leia na epbr