Diálogos da Transição

Geração distribuída deve adicionar 8 GW no Brasil em 2022, diz presidente da ABGD

Para Guilherme Chrispim, “2022 será o ano da corrida ao sol”. Na última década, GD acumulou 9,4 GW de potência no Brasil

Universidades federais de Minas instalam usinas fotovoltaicas para abastecer campi. Na imagem: Foto aérea de placas fotovoltaicas sobre telhado na Usina Fotovoltaica em prédios do CAD, no campus da UFMG (Foto: Divulgação Onergy Solar)
Foto aérea da Usina Fotovoltaica em prédios do CAD, no campus da UFMG (Foto: Divulgação Onergy Solar)

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 14/03/22

Editada por Nayara Machado
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Para Guilherme Chrispim, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), “2022 será o ano da corrida ao sol”. À epbr, o executivo conta que o setor espera alcançar, em um ano, resultado semelhante ao da última década, e adicionar 8 GW de potência.

Entre 2012 e fevereiro de 2022, a geração distribuída acumulou 9,4 GW de potência no Brasil — dos quais 9,2 GW são de instalações fotovoltaicas.

O otimismo em relação ao setor tem pelo menos três motivações de fundo: a crise hídrica, que já no ano passado aqueceu a procura pela geração própria de energia; a aprovação do marco da mini e micro geração distribuída; e os efeitos da guerra na Ucrânia sobre o preço do petróleo e a inflação global.

“As pessoas e empresas olham para esses desafios e buscam soluções para minimizar a exposição ao risco do custo energético”, explica.

O aumento da demanda pelos sistemas fotovoltaicos deve trazer também desafios, tanto no fornecimento de equipamentos quanto em profissionais especializados.

No ano passado, o país atingiu 807,2 mil instalações fotovoltaicas, segundo a Aneel — um crescimento de 100% em relação a dezembro de 2020.

Para atender esse aumento, o mercado brasileiro demandou mais de 9,7 GW em módulos fotovoltaicos em 2021, tanto para GD quanto para geração centralizada. O crescimento foi de 104% em relação a 2020, aponta um estudo da Greener.

Por falar em especialização,  uma estratégia para capacitar e engajar a população no tema da geração própria, o projeto Road Show Huawei Solar, que circula desde abril de 2021 pelas cinco regiões do país com minicursos sobre geração própria de energia, será renovado por mais um ano.

Um caminhão itinerante leva uma instalação fotovoltaica e uma sala adaptada para cursos técnicos profissionalizantes.

A proposta é explicar o que é a geração distribuída e esclarecer questões regulatórias e técnicas para a população.

Segundo a ABGD, o caminhão já passou por quase 60 cidades, em 20 estados, certificando mais de dois mil alunos. E alguns governos estudam ampliar o projeto e o tornar permanente nos seus estados.

Em São Paulo, a iniciativa foi selecionada pelo Future Fund 2020 para receber aporte de US$ 10 mil para levar os cursos à região do Vale do Ribeira.

O fundo internacional destaca que o projeto não apenas contribuiu para os planos de recuperação econômica pós-pandemia de covid-19 e a geração de empregos verdes, mas também se alinhou às metas estabelecidas na Política Estadual de Mudanças Climáticas do Estado (PEMC). Veja aqui (.pdf)

Crise energética torna apoio a startups de energia limpa “mais importante do que nunca”, alerta a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) em relatório divulgado nesta segunda (14/3).

O levantamento mostra que, ao contrário da maioria das áreas de investimento em energia — e contra muitas expectativas —, os investimentos de capital de risco em energia limpa ficaram estáveis em cerca de US$ 3 bilhões em 2020, com aumento em 2021.

“Cada vez mais, os investidores estão convencidos de que as transições energéticas estão realmente acontecendo e que serão sustentadas no curto prazo por políticas proativas de recuperação do governo e demanda corporativa robusta”, diz a agência.

O documento discute o papel dos governos nessa expansão e conclui que o apoio à inovação em energia limpa aumentou nos últimos anos, estimulado pelas metas de descarbonização e esforços para estimular a recuperação econômica da pandemia.

Exemplos incluem o Japan Green Innovation Fund, o US Infrastructure Investment and Jobs Act, além de iniciativas no Chile, Índia, Marrocos, Cingapura, Canadá e países europeus.

No caso do Brasil, apesar de não possuir programas públicos dedicados a startups de tecnologias de energia limpa, a IEA destaca outras iniciativas, como a Start-up Brasil, que concedeu subsídios de R$ 200 mil (US$ 35 mil) para desenvolver startups brasileiras.

Entre as apoiadas estão a Desh, uma startup com tecnologia de medição de energia, e a Guell (agora SOMA), de veículos elétricos.

Cita também o Energy Hub, que em 2019 constatou que apenas 0,6% das startups brasileiras conhecidas estavam no setor de energia. Veja na íntegra (.pdf)

Para a agenda

15/3 — Organizações ambientais e de defesa do consumidor realizam evento online em apoio ao PL 414, que moderniza o setor elétrico brasileiro. O encontro será transmitido às 17h, pelo Canal do Youtube do IDEC
15/3 — Nesta terça, a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) promove o webinar Gerenciando a integração da rede de veículos elétricos. É necessário se inscrever para participar via Zoom
16/3 — CIBiogás fará uma live sobre oportunidades de negócio com biogás, voltada para produtores de energia. A transmissão será às 10h, no LinkedIn
16 a 18/5 — A Rede Brasileira de Bioquerosene (RBQAV) promove o segundo congresso sobre combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, em inglês). Durante os três dias do congresso haverá apresentações de trabalhos técnico-científicos, palestras e debates. Inscrições no site da RBQAV

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