Gás Natural

TBG prepara mais duas chamadas públicas do Gasbol para 2022

Empresa prepara chamada pública, para capacidade remanescente; e concorrência para capacidade incremental

TBG prepara mais duas chamadas públicas do Gasbol para 2022. Na imagem: Tubulações metálicas em estação de entrega de gás do Gasbol em Canoas, no Rio Grande do Sul (Foto: Divulgação TBG)
Estação de entrega de gás do Gasbol em Canoas, no Rio Grande do Sul (Foto: Divulgação TBG)

RIO — Após concluir a 3ª chamada pública do Gasbol,  para contratação da capacidade de transporte do gasoduto até 2026, a Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) espera lançar mais duas concorrências no segundo semestre de 2022.

A companhia informou nesta quinta-feira (23/6) que está preparando o lançamento da 4ª chamada pública do Gasbol. O processo ofertará a capacidade remanescente, não contratada, para o período de 2023 a 2026 — além de toda a capacidade existente para 2027 (com exceção dos contratos legados).

A TBG também pretende lançar este ano a chamada pública incremental — ocasião em que agentes terão a oportunidade de contratar capacidade nova de transporte. A expectativa da transportadora é viabilizar uma expansão do Gasbol, para atender à demanda reprimida da região Sul do país.

Distribuidoras reservam capacidade para novos supridores

A TBG assinou ontem (22/6) os contratos com os vencedores da 3ª chamada pública. A prestação do serviço de transporte da capacidade firme contratado acontecerá a partir de 1º de julho.

A Petrobras e as distribuidoras de gás canalizado SCGás (SC) e Sulgás (RS) venceram a concorrência.

Em nota à imprensa, a TBG destacou que a “entrada de novos players trouxe uma nova dinâmica ao certame” e resultou, pela primeira vez, numa disputa pela capacidade disponível no trecho sul do Gasbol — nas duas concorrências anteriores, desde 2019, não houve competição com a Petrobras.

A TBG citou, ainda, que, diante da possibilidade para negociação de gás com novos supridores, as distribuidoras resolveram se “posicionar pela reserva de capacidade de transporte no longo prazo”.

O resultado da chamada pública mostra um aumento gradativo das capacidades contratadas pelas concessionárias estaduais, em detrimento de uma redução escalonada da contratação da Petrobras. O movimento pode ser explicado pelo fato de que os contratos de suprimento da petroleira com as distribuidoras preveem uma curva descendente de fornecimento de gás ao longo dos próximos anos.

O resultado da chamada pública do Gasbol pode ser resumido assim:

  • A Petrobras foi a única empresa a alocar capacidade de entrada. Foram 19,858 milhões de m³/dia para 2022, sendo 14 milhões de m³/dia em Corumbá (]MS) e outros 5,858 milhões de m³/dia, na Estacão de Medição do gasoduto Gascar (SP);
  • A Petrobras também conseguiu 16,667 milhões de m³/dia de capacidade de saída em cinco zonas em São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul para 2022. O número cai ao longo dos próximos anos, para 3,513 milhões de m³/dia em 2023; 1,702 milhão de m³/dia em 2024; e 1,521 milhão de m³/dia em 2025;
  • A SCGás e a Sulgás, por sua vez, ampliaram as respectivas capacidades contratadas:
    • A distribuidora catarinense conseguiu contratar 60 mil m³/dia para 2023; 1,06 milhão de m³/dia para 2024; 1,13 milhão de m³/dia para 2025; e 1,469 milhão de m³/dia para 2026 nas zonas SC1 e SC2;
    • Já no Rio Grande do Sul, a Sulgás alocou 220 mil m³/dia em 2023; 1,094 milhão de m³/dia em 2024; 1,097 milhão de m³/dia em 2025; e 1,656 milhão de m³/dia em 2026.

A ampliação do Gasbol

Sulgás e SCGás conseguiram, dessa vez, assegurar as demandas solicitadas.

Relembre: A chamada pública havia sido suspensa temporariamente pela ANP em fevereiro, a pedido da Sulgás. A distribuidora solicitou a impugnação da chamada, por não ter conseguido comprar gás suficiente para abastecer o Rio Grande do Sul a partir de 2024. Os gaúchos temiam que a oferta atual de gás natural ao estado fosse parcialmente transferida para Santa Catarina. Em março, a TBG apresentou um projeto para eliminar as restrições técnicas de abastecimento à região Sul, a partir do incremento da capacidade de transporte local. A chamada foi, então, reiniciada a partir da etapa de manifestação de interesse pela contratação das capacidades adicionais para a saída RS1 (zona que atende à área de concessão da distribuidora gaúcha), para o período de 2024 a 2026, e para a saída SC2 (que atende Santa Catarina), para 2026.

As obras prometidas pela TBG, para aumento da capacidade de fornecimento à região Sul, permitirão manter a entrega de gás ao Rio Grande do Sul estável, em 1,728 milhão de m³/dia até 2026.

Já Santa Catarina garantiu um aumento na entrega de gás na zona SC2 — que abrange as estações de recebimento catarinenses, de Biguaçu até Nova Veneza e que sofria com gargalos para aumento da capacidade.

De acordo com a chamada pública da TBG, a capacidade de saída de gás na região crescerá 78% a partir de 2024, de 826 mil m³/dia para cerca de 1,47 milhão de m³/dia.

A TBG pretende iniciar ainda este ano as obras de reforço da capacidade do trecho sul do Gasbol, para atendimento aos mercados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O projeto apresentado pela transportadora consiste na ampliação das estações de compressão (Ecomps) de Araucária (PR) e Biguaçu (SC).

As Ecomps são responsáveis por aumentar a pressão dos gasodutos. Ampliar uma estação do tipo permite ao transportador elevar a capacidade de entrega do sistema sem a necessidade de construção ou ampliação de gasodutos. Os ganhos, porém, são marginais.

TBG assumiu o compromisso de entregar o projeto, pronto, até janeiro de 2024, para evitar perdas de suprimento ao Rio Grande do Sul.

Com a implementação do reforço das estações de compressão, a TBG espera assegurar mais gás ao mercado catarinense, sem que haja perdas na capacidade de entrega ao Rio Grande do Sul.