RIO — A Shell assinou um contrato de cinco anos, para fornecimento de gás natural à Cegás. Ao todo, serão entregues 50 mil m³/dia de gás natural na modalidade PUT (opção de venda), a partir deste ano, e 100 mil m³/dia a partir de 2023, na modalidade firme.
O contrato, assinado no fim de agosto, encerra a chamada pública iniciada pela distribuidora cearense de gás canalizado em janeiro.
Anteriormente, a Cegás já havia assinado um contrato com a PetroReconcavo, para entrega de 30 mil m³/dia na modalidade firme por um ano; e um acordo de longo prazo com a Galp, até 2031, nas modalidades PUT e firme. A produtora portuguesa se comprometeu a fornecer:
- 50 mil m³/dia firmes até o fim de 2023. O compromisso sobe para 106 mil m³/dia em 2024; 160 mil m³/dia em 2025; e 180 mil m³/dia a partir de 2026;
- e na modalidade PUT, até 225 mil m³/dia em 2022; 45 mil m³/dia em 2023; 41 mil m³/dia em 2024; 36 mil m³/dia em 2025; e 33 mil m³/dia a partir de 2026.
A Cegás também tem contrato para compra de biometano da GNR Fortaleza.
Shell reforça presença no Ceará
A petroleira é a segunda maior produtora de gás natural do Brasil, atrás apenas da Petrobras. Os volumes vêm, sobretudo do pré-sal, mas, no futuro, a companhia também passará a vender, a partir do Ceará, gás importado.
A Shell é a fornecedora de gás natural liquefeito (GNL) do projeto do terminal de regaseificação do consórcio Portocem, no Porto do Pecém (CE).
O consórcio, liderado pela americana Ceiba Energy, prevê investir cerca de R$ 5 bilhões numa termelétrica a gás de 1.571 MW, associada ao terminal de GNL, no Ceará. O empreendimento está previsto para 2026
A Shell tem planos, ainda, de expandir a atuação no Nordeste, para Maranhão e Piauí, a partir do futuro terminal de Pecém.
Cegás reduz dependência da Petrobras
Já para a Cegás, o contrato com a Shell representa mais um passo na diversificação dos supridores — uma prioridade da concessionária, que está em litígio com a Petrobras.
Conforme antecipado pelo político epbr, a Petrobras cobra R$ 300 milhões da Cegás, pelo que a petroleira entende ter recebido a menos pelo gás natural vendido à distribuidora cearense entre janeiro e fevereiro – período no qual a Cegás conseguiu suspender, por força de uma liminar, os efeitos dos novos termos contratuais, e manteve o manteve o gás mais barato.
A Cegás e a Petrobras vinham negociando um acordo para o preço do gás, mas a decisão da Bolívia de reduzir o fornecimento de gás para o Brasil, a partir de maio, interrompeu as negociações.
Desde então, a Petrobras apresentou apenas propostas informais às distribuidoras, mas nenhuma delas foi adiante. Atualmente, segundo fontes, a estatal paralisou as negociações e a expectativa é que ela só volte à mesa a partir de 2023.