Gás Natural

Porto do Açu tenta atrair siderurgia para consumir gás natural no Rio

Gás natural produzido pela Equinor no BM-C-33 será escoado para o Norte Fluminense

Porto do Açu tenta atrair siderurgia e indústria de fertilizantes para consumir gás natural que será produzido pela Equinor no Rio. Na imagem: FPSO Ocean Rig Mylos afretado pela Repsol Sinopec para exploração no pré-sal da Bacia de Campos (Foto: Divulgação)
Serão 16 mi de m3/dia de capacidade de escoamento no futuro gasoduto até Cabiúnas, em Macaé (Foto: Divulgação Repsol Sinopec)

Com a chegada do gás natural produzido pela Equinor na costa do Rio de Janeiro, o Porto do Açu vê oportunidade para ampliar o consumo industrial no estado com projetos de 2 milhões a 4 milhões de m³/dia de demanda firme.

“A melhor notícia do ano é a decisão da Equinor e seus parceiros de investir no BM-C-33”, disse José Firmo, presidente do Porto do Açu, à agência epbr.

O BM-C-33 é um campo de gás natural e condensado na Bacia de Campos, operado pela Equinor em parceria com a Petrobras e a Repsol Sinopec Brasil.

Serão 16 milhões de m³/dia de capacidade de escoamento no gasoduto que será construído até o polo Cabiúnas, em Macaé.

Com a oferta, Porto do Açu vê oportunidade de para novas plantas de fertilizantes e ferro-esponja briquetado (HBI, na sigla em inglês) se instalarem no complexo portuário, em São João da Barra.

Segundo Firmo, o porto está em busca de novos empreendimentos com demanda industrial firme que possam ancorar a chegada deste gás.

“Estamos pisando no acelerador, buscando os investimentos para encontrar então dois grandes demandantes”, explica.

“O primeiro seria uma planta de HBI, que demandaria na ordem de 2 milhões de m³/dia de gás, e uma planta de fertilizantes nitrogenados, que estamos buscando junto com a Toyo Setal, para atrair 1,5 ou 2 milhões de m³/dia”.

Em julho, o Porto do Açu já anunciou uma parceria com Toyo Setal para desenvolvimento conjunto de uma fábrica de fertilizantes nitrogenados.

O foco inicial é numa tecnologia que utiliza o gás natural como matéria-prima, mas miram, no futuro, a produção de amônia verde a partir do hidrogênio via eletrólise da água

Além disso, o Açu já possui acordos MOUs, NDAs e discussões com mineradoras, grupos siderúrgicos, traders internacionais e investidores institucionais para a implantação de um hub para a descarbonização da cadeia do ferro e aço.

” A primeira etapa seria a construção de uma ou mais plantas de HBI (ferro-esponja briquetado) para o mercado doméstico e para exportação”, disse o Porto em nota enviada à epbr.

Cluster de gás natural

Além do BM-C-33, Firmo lembra ainda que a Nova Transportadora do Sudeste (NTS) e a Transportadora Associada de Gás (TAG) atualmente concorrem para conectar o Porto à malha de gasodutos.

As duas empresas fecharam acordos com a GNA, joint venture formada por Prumo, bp, Siemens e SPIC, para realizar estudos para o projeto, para abastecer com GNL a termelétrica localizada no porto.

“Temos TAG e NTS terminando as suas análises para em um horizonte de nos próximos meses entender e anunciar qual desses dois gasodutos sai primeiro”, disse o executivo.

Há duas opções:

  • O Gasog (45 km) se conectaria à rede da TAG e teria capacidade de até 15 milhões de m³/dia na saída do terminal de GNL e 16 milhões de m³/dia na entrada do porto;
  • O Gasinf (105 km), interligado ao terminal de Cabiúnas, em Macaé, via rede da NTS, teria capacidade para receber até 10 milhões de m³/dia da planta de GNL e entregar ao Açu até 12 milhões m³/dia (podendo chegar a 18 milhões de m³/dia).

“É uma construção toda em paralelo: gasoduto, molécula, demandantes. Tudo ao mesmo tempo para criar no Açu o tão esperado Cluster de gás de alta eficiência e competitividade”, completou Firmo.

O BM-C-33

Em maio deste ano, a Equinor, que opera a área exploratória BM-C-33 e tem como sócias no projeto a Repsol Sinopec (35%) e a Petrobras (30%), anunciou a decisão final de investimento no projeto em águas profundas da Bacia de Campos.

O projeto, onde está a descoberta de Pão de Açúcar, vai demandar US$ 9 bilhões em investimentos e extrair reservas de óleo e gás acima de 1 bilhão de barris de óleo equivalente (boe).

O início da produção está previsto para ocorrer em 2028.

O FPSO que será contratado para Pão de Açúcar será projetado para produzir 16 milhões de m³/dia de gás natural e a ideia é interligar o futuro campo ao Terminal de Cabiúnas, em Macaé, região Norte do Rio de Janeiro.