RIO — O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse nesta segunda-feira (17/04) que a companhia tem interesse em discutir eventuais parcerias com a Bolívia, para exploração de novas reservas de gás natural no país vizinho.
Ele destacou que o gás boliviano é uma fonte “muito importante” para o mercado brasileiro e que “não é cara”.
“Temos potencial e possibilidade de ajudar nossos companheiros bolivianos a entender por que a queda da produção se deu. Provavelmente, falta capacidade de financiamento, talvez capacidade técnica, para explorar novas reservas”, afirmou Prates, ao participar de evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
As importações de gás do país vizinho, no entanto, entraram em declínio nos últimos anos, diante da dificuldade da Bolívia de repor suas reservas e conseguir conciliar o aumento da demanda interna com as exportações para o Brasil e Argentina ao mesmo tempo.
O Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol), por exemplo, tem capacidade para importar cerca de 30 milhões de m3/dia, mas está ocioso. Em 2022, a importação média foi de 17,5 milhões de m³/dia, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia.
Bolívia está atrás de gás
A dificuldade do país vizinho em repor reservas preocupa parte do mercado brasileiro. Em janeiro, a Wood Mackenzie publicou um relatório sobre a falta de sucesso exploratório recente do país e que projeta um declínio da produção mais rápido do que o esperado.
A consultoria estima que o Brasil pode não dispor mais de gás boliviano ao fim da década. E que a Bolívia, hoje grande exportadora, pode passar a importar gás.
O cenário não é um consenso. A Gas Energy também prevê um declínio na produção da Bolívia, mas estima que o país, mesmo sem novas descobertas, ainda tem gás suficiente para o consumo interno e para manter parte das exportações.
A estatal boliviana YPFB anunciou que investirá US$ 324 milhões, este ano, em exploração. O objetivo é repor reservas do energético.
A YPFB nega que faltará gás e promete um dos investimentos “mais altos da sua história” em exploração.
“Afirmar que estamos ficando sem gás é uma avaliação incorreta. Embora haja um declínio natural na produção, que se iniciou em 2015 e 2016, esta situação está se revertendo com a perfuração de novos poços”, disse o presidente da estatal boliviana, Armin Dorgathen, em janeiro.
O Plano de Reativação de Upstream (PRU) da YPFB prevê 32 projetos exploratórios.
Argentina se aproxima da Bolívia
No início deste mês, foi a vez da argentina YPF se associar à YPFB. As empresas firmaram uma parceria para perfurar o poço Charagua X-1 no final deste ano.
O potencial desse projeto supera 1 trilhão de pés cúbicos (TCF) de gás e que exigirá o investimento de US$ 50 milhões na primeira fase, segundo a estatal boliviana.
A YPFB vem recorrendo a parcerias para explorar o gás no país.
Além da YPF, a boliviana celebrou, este ano, novos Contratos de Serviços Petrolíferos (CSP) com a Canacol Energy Colombia e a Vintage Petroleum Boliviana para exploração e produção.