Gás Natural

Petrobras antecipa retorno aos fertilizantes a partir de parceria com Unigel 

As duas fábricas de fertilizantes da Petrobras foram arrendadas à Unigel durante o governo de Jair Bolsonaro, em contratos de dez anos

Petrobras antecipa parceria com Unigel para retorno à produção de fertilizantes. Na imagem: Jean Paul Prates discursa para trabalhadores na refinaria Refap em Canoas, no Rio Grande do Sul; todos, inclusive Prates, estão vestindo uniforme laranja e equipamentos de proteção pessoal, Jean Paul segura papéis com a mão direita e um microfone preto com a esquerda (Foto: Divulgação Petrobras)
Jean Paul Prates discursa para trabalhadores em refinaria da Petrobras (Foto: Divulgação)

RIO – A Petrobras avalia uma parceria com a Unigel para retomar a operação das duas fábricas de fertilizantes arrendadas em Sergipe e na Bahia.

Segundo o presidente da estatal, Jean Paul Prates, a parceria deve incluir a produção de hidrogênio verde. Um acordo já havia sido assinado, nesse sentido, para a planta da Bahia.

“É a Petrobras de volta à produção de fertilizantes, dentro de uma lógica atualizada e modernizada, no contexto da transição energética”, disse em coletiva de imprensa na tarde de hoje (4/8).

Prates ressaltou que esse segmento é considerado estratégico para a Petrobras, no contexto da redução da guerra entre Ucrânia e Rússia, que gerou incertezas sobre o suprimento global de fertilizantes.

As duas fábricas de fertilizantes da Petrobras foram arrendadas à Unigel durante o governo de Jair Bolsonaro, em contratos de dez anos. A administração anterior da companhia havia decidido deixar o segmento.

Este ano, a produção nas duas unidades foi interrompida, depois que Unigel alegou que a falta de flexibilidade nos contratos de gás tornava as operações economicamente inviáveis.

Segundo a companhia, a queda nos preços dos fertilizantes no mercado internacional foi mais acentuada do que a retração dos preços do gás, o que afetou as operações.

A partir de paradas para manutenção, a Unigel em Sergipe parou primeiro, entre abril e maio; e na sequência, repetiu a estratégia na Bahia, onde a companhia tem outra planta no polo de Camaçari.

Algumas atividades continuam em curso, a exemplo da produção de Arla-32, aditivo obrigatório em caminhões mais recentes para controle de emissões de poluentes. A crise alegada pela companhia chegou a chamar a atenção do Ministério do Meio Ambiente.

Hidrogênio a partir das plantas de fertilizantes

Em junho, Petrobras e Unigel assinaram um acordo para avaliar negócios conjuntos em fertilizantes, hidrogênio verde e projetos de baixo carbono.

A parceria em estudo inclui a parceria na produção de fertilizantes e a geração de hidrogênio verde no reator de síntese da fábrica baiana.

Há interesse do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em financiar o projeto.

“Seria o primeiro e maior projeto de hidrogênio verde do Brasil”, disse o diretor executivo de processos industriais e produtos da Petrobras, William França, durante entrevista coletiva.

Para além das fábricas no Nordeste, a Petrobras também vai anunciar este mês a retomada das operações na Araucária Nitrogenados (Ansa), unidade de fertilizantes nitrogenados no Paraná.

Segundo França, o grupo de trabalho criado dentro da estatal concluiu que há viabilidade na estratégia comercial em retomar a unidade, com a produção de ureia e Arla 32. Antes da retomada, a fábrica deve passar por uma manutenção que deve durar oito meses.

“A Ansa fica ao lado da Repar [Refinaria Presidente Getúlio Vargas], tem uma sinergia muito grande com a refinaria”, disse o diretor.

A Ansa e a Repar chegaram a ser incluídas no processo de desinvestimento da Petrobras conduzido entre 2015 e 2022, sem sucesso na venda.

Fábrica de Três Lagoas ainda carece de definição no plano de investimentos

Outra fábrica que chegou a ser colocada à venda, mas pode voltar ao plano de investimentos da Petrobras é a UFN-3, no Mato Grosso do Sul.

As obras de construção da planta foram interrompidas em 2014, com 82% de conclusão, devido à rescisão do contrato da Petrobras com o consórcio responsável, formado por Sinopec e Galvão Engenharia. A estatal avalia no momento a possibilidade de retomar o projeto.

“É uma fábrica mais moderna, com um rendimento de produção de ureia muito maior do que o das plantas atuais. Acreditamos muito no potencial de retomada das obras”, disse França.