A Pan American Energy aposta na exportação de gás natural liquefeito (GNL) a partir da Argentina como alternativa complementar ao fornecimento por gasodutos, com potencial para abastecer o mercado brasileiro. A empresa participa do consórcio Southern Energy, ao lado de Golar, YPF, Pampa e Harbour Energy, responsável por trazer à Argentina duas unidades flutuantes de liquefação. A primeira entra em operação em 2027.
“O Brasil, por logística, deveria ter uma vantagem competitiva”, disse Alejandro Catalano, diretor-geral da companhia no Brasil, em entrevista ao estúdio eixos durante o Seminário de Gás Natural do IBP, no Rio de Janeiro. A Pan American vê o GNL como alternativa para períodos de maior demanda e complementar ao gás via gasoduto, principalmente para indústrias e térmicas.
Gás por duto e integração regional
A empresa também prepara estrutura para exportar gás argentino ao Brasil via Bolívia. Já obteve autorização da ANP, criou uma comercializadora local e firmou contratos com TBG, TAG e NTS. A expectativa é iniciar entregas firmes a partir de 2026, após o período de maior consumo no mercado argentino. “Queremos oferecer ao mercado a maior flexibilidade possível”, afirmou Catalano.
Para destravar essa rota, ele defende medidas como instalação de medidores adicionais na Argentina, redução de tarifas de transporte nos três países e contratos de fornecimento firme com clientes no Brasil. O gás boliviano, hoje em declínio, deve ser gradualmente substituído.
Catalano ressaltou que os recursos de gás em Vaca Muerta são suficientes para abastecer Brasil, Chile e Bolívia por muitos anos. “Tudo o que gere competitividade e mais oferta é positivo”, disse, destacando que o gás argentino poderá estimular a retomada da demanda industrial e o crescimento econômico brasileiro.
Apesar de já fornecer gás para térmicas cadastradas no leilão de reserva de capacidade, a Pan American descarta, por ora, atuar diretamente como geradora. “Nosso foco é produzir gás de forma eficiente, econômica e sustentável”, afirmou.