SEAP comprometido

Sem mercado de gás, projeto de Sergipe Águas Profundas fica comprometido, diz presidente da Petrobras

CEO reforçou que “ninguém faz plataforma para ter prejuízo”

Presidente da Petrobras, Magda Chambriard, em entrevista exclusiva ao estúdio eixos durante a ROG.e 2024, no Porto Maravilha, no Rio, em 25/9/2024 (Foto Victor Curi/eixos)
Magda Chambriard, presidente da Petrobras, concede entrevista exclusiva ao estúdio eixos, diretamente da ROG.e 2024 no Rio | Foto Victor Curi/eixos

RIO – A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que o projeto de Sergipe Águas Profundas (SEAP) somente será viável se tiver mercado para o gás natural

“Quando se fala de esforço legislativo, em construção de mercado de gás, em indústria gasífera,  a gente tem que entender que os projetos de gás na verdade nascem como projetos de óleo. A maior parte, no Brasil, é de gás associado”, afirmou durante evento do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) no Rio de Janeiro nesta terça-feira (10/12). 

A CEO reforçou que “ninguém faz plataforma para ter prejuízo”.  

“Isso não tem nada a ver com chantagem, tem a ver com realidade de negócio”, acrescentou. 

Sergipe é a principal nova fronteira de produção de gás do país. O projeto prevê um gasoduto, com capacidade para 18 milhões de m³/d de gás natural, que deve entrar em operação junto com duas plataformas. 

Recentemente, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), tem ampliado a pressão por medidas de desconcentração no mercado de gás, o “gas release”, com medidas que afetam a estatal.  

O tema chegou a ser incluído no relatório do projeto de lei do Programa da Aceleração da Transição Energética (Paten), no Senado, mas foi retirado da versão final. 

Este mês, o ministro enviou um ofício à ANP pedindo que a agência priorize na agenda regulatória

Em nota, a estatal complementou a fala da CEO e afirmou que o Paten endereça a necessidade da empresa para viabilizar economicamente os projetos. 

Na semana passada, Chambriard afirmou à agência eixos que a companhia trabalha junto com o MME em prol do gás e do avanço do mercado livre no país. 

“Com objetivo de acelerar a competitividade e aumentar o consumo, a estatal passou a conceder reduções de preço para  as companhias que retiram mais de 60% do volume de gás contratado. Só este ano, esse esforço resultou na celebração de 43 aditivos contratuais com 13 distribuidoras, gerando reduções de preços de até 10%”, disse em nota enviada à redação. 

Dificuldades para viabilizar SEAP

Em paralelo, a Petrobras tem enfrentado dificuldades para viabilizar a contratação das plataformas de SEAP, com tentativas de contratação há três anos, sem sucesso. A dificuldade de financiamento é uma das principais questões. 

Uma nova licitação foi lançada em 30 de novembro, no modelo build, operate and transfer (BOT)

As duas plataformas previstas para o projeto terão capacidade de processar 120 mil barris/dia de petróleo cada e até 12 milhões de m³/d de gás natural, que será exportado diretamente para venda, sem necessidade de tratamento adicional em terra. A previsão é de entrada em operação da primeira unidade em 2030. 

Industrial nacional

Chambriard disse ainda que a estatal está “profundamente comprometida” em contribuir para impulsionar a indústria nacional. Ela reafirmou o compromisso de que a empresa fará encomendas aos fornecedores brasileiros. 

“Mas nós temos que ter bases competitivas e rentáveis. Ninguém está aqui falando que nós vamos ter prejuízo ou ter menos lucro. O patamar de lucro, de rentabilidade, da Petrobras vai ser respeitado, mas olhando para a indústria nacional”, afirmou. 

Segundo a executiva, o fortalecimento da cadeia produtiva nacional ajuda a dar segurança à empresa. 

“Garante proteção contra instabilidade geopolítica, contra instabilidade cambial, otimização de custos logísticos e garante, principalmente, segurança de entrega, de abastecimento dos insumos necessários”, disse. 

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