BRASÍLIA – A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), em parceria com a Fluxus, instalou dois motores movidos a gás natural para o bombeamento de água do sistema Guarapiranga para os municípios de Taboão da Serra, Cotia, Embu das Artes e Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.
A medida visa dar mais regularidade ao fornecimento, pois o sistema à gás não é afetado pelas recorrentes quedas de energia elétrica, que geralmente alimentam esse tipo de equipamento.
Ao todo, a Fluxus opera em seis estações elevatórias no estado, todas elas abastecidas pelo pipeline da Companhia de Gás de São Paulo (Comgás). A mais recente instalação, na Estação Elevatória João XXIII, atende a uma população de 700 mil pessoas.
São seis bombas de 800 cv cada, com quatro delas em operação e duas de reserva. O consumo médio de energia é de aproximadamente 1,4 milhão de kWh por mês, o que seria suficiente para suprir cerca de 7.000 residências.
Segundo o diretor executivo da Fluxus, Caio Mutz, o sistema foi desenvolvido buscando resolver duas dificuldades: uma são as perdas indesejadas do sistema elétrico, que possui uma longa cadeia desde a geração até a distribuição ao consumidor; outra é a estabilidade do suprimento.
“A eletricidade tem paradas 88 vezes maiores do que a do gás. A parte elétrica precisa de contingência e um dos objetivos de trazer o gás natural é trazer estabilidade a esse suprimento. Um exemplo prático é que, no hemisfério norte, o gás é usado para a calefação porque há uma série de variáveis que podem influenciar no fornecimento de energia elétrica”, disse o executivo.
Biogás compensa aumento de emissões
Ele também cita a capacidade de bombas como as que foram instaladas a serviço da Sabesp em outras regiões e uso para outras atividades, como o agronegócio.
Nos lugares onde o agro é forte e há grande disponibilidade de biogás, o combustível renovável poderia, de acordo com Mutz, substituir o fóssil e ser utilizado para a irrigação de grandes áreas de lavoura e transposição de água de rios para açudes, por exemplo.
Dentre outras vantagens do bombeamento a gás, o diretor da Fluxus cita a economia de espaço, mas pontua que seria ainda mais escalável com uma redução no preço da molécula.
No caso dos motores elétricos, há o custo da energia, manutenção e espaço ocupado pelo equipamento, além do sistema de contingência, que conta com o correto acondicionamento de geradores a diesel, compra e armazenagem do combustível.
“Essas bombas entram para substituir as elétricas, sem essas outras questões associadas”, afirma.
Por fim, defende a alternativa como solução para o Novo Marco do Saneamento, de 2021, que estabelece uma série de novas medidas a serem adotadas, o que inclui a instalação de uma série de instalações de elevatórias, tanto de água quanto de esgoto.
“Para muitos estados conseguirem atender a essas metas, será necessária a construção de milhares de elevatórias. Se isso se der por energia elétrica, estamos sujeitos à capacidade para atender a essa nova demanda. Com o gás, não temos esse problema. Ele chega tanto pela malha de gasodutos ou comprimido”, explica.