A Petrobras vai reduzir os preços do gás natural entregues às distribuidoras em 14%, na média, a partir de 1º de agosto, reflexo da queda nas cotações do petróleo no mercado internacional e da valorização do real.
Os reajustes são trimestrais. Para o período que se inicia em agosto, houve um queda de 11% no Brent e valorização de 3,2% no real frente ao dólar.
“Importante destacar que as variações por distribuidora dependem dos produtos contratados com a Petrobras, e que considerando os mecanismos criados pela empresa, em 2024, dos prêmios por performance e de incentivo à demanda é possível ampliar a redução no preço da molécula”, diz a Petrobras.
O preços do gás natural vendido pela Petrobras no mercado regulado acumulada uma queda de 32% desde dezembro de 2022. Os efeitos para os consumidores finais, com reflexo no cálculo do IPCA, dependerá do repasse para as tarifas sob responsabilidade dos governos e agências reguladoras estaduais.
O reajuste trimestral de agosto foi antecipado pela presidente da companhia, Magda Chambriard, em artigo publicado no jornal O Globo, nesta segunda (28/7), intitulado Apoio ao mercado de gás natural.
“Como uma empresa comprometida com o país, a Petrobras está empenhada em garantir condições competitivas para o mercado nacional, contribuindo para o desenvolvimento do mercado de gás natural e das indústrias que têm o gás natural como fonte de energia”, diz a executiva. Ela assumiu a Petrobras em junho de 2024.
Chambriard afirma que a economia pode superar 40% no caso de clientes que migraram para o mercado livre e adquirem gás natural da Petrobras.
No segundo trimestre deste ano, o número de consumidores atendidos pela Petrobras no mercado livre subiu mais de 240%, com volumes de cerca de 6 milhões de m³/dia, segundo Chambriard.
Desde 2023, a Petrobras disponibiliza modalidade contratuais com variação nos prazos, pontos de entrega e indexadores. Em outubro de 2024, lançou um pacote com 48 combinações comerciais possíveis.
Além disso, no programa de incentivo à demanda por desempenho, lançado em maio de 2024 em resposta à concorrência, prevê mais flexibilidade e descontos adicionais de até 10% conforme volumes contratados e movimentados.
À época, a CEO afirmou: “a gente não está querendo abrir mão de mercado para ninguém, não. O mercado que pudermos ocupar, nós vamos ocupar.”
No mesmo ano, em entrevista ao estúdio eixos durante a ROG.e, Chambriard afirmou que a companhia trabalhava fortemente para aumentar a oferta de gás natural e, assim, viabilizar novos projetos industriais no país, como fertilizantes e indústria química. Segundo ela, a demanda poderia triplicar com preços mais competitivos.
CNPE: governo prepara ‘Dia D’ do gás natural
O Ministério de Minas e Energia (MME) prepara, para o próximo dia 5 de agosto, o anúncio de um pacote de entregas para o setor de gás natural.
A ideia do governo é lançar, na ocasião, o leilão estruturante de gás da União para indústrias e o decreto de regulamentação do mandato do biometano, junto com o anúncio do Gás Para Todos, o novo vale-gás para compra de botijões de gás liquefeito de petróleo (GLP).
Conforme antecipado pelo eixos pro, serviço exclusivo para assinantes (teste grátis), o MME pautou para a próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) as novas regras de comercialização do gás natural da União pela Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA).
Este mês, o governo deu mais um passo importante, com a edição da Medida Provisória 1304/2025 (MP dos Vetos), que traz mudanças na Lei do Regime de Partilha (12.351/2010) para destravar o leilão de gás da União.
Pelos termos da MP, o CNPE poderá determinar as condições (incluindo o valor) de acesso às infraestruturas de escoamento, processamento e de transporte, especificamente do gás da União:
- no caso do SIE/SIP, os sistemas serão tratados como uma infraestrutura integrada e não serão aplicáveis penalidades à PPSA;
- o valor para acesso do gás da União ao escoamento, processamento e transporte será baseado em “remuneração justa e adequada”.
A MP também permite que a Petrobras seja contratada como agente comercializadora do gás da União, uma espécie de contrapartida que foi alcançada nas negociações entre governo e a estatal.