Abertura de mercado

Petrobras entra na concorrência por indústria ceramista no mercado livre de gás

Estatal assina com a Portobello seu primeiro contrato no segmento, que é nicho de comercializadores privados

Mercado livre de gás natural está ganhando tração com diversificação de supridores, afirma Álvaro Tupiassu, gerente executivo de Gás e Energia da Petrobras, em entrevista ao estúdio eixos durante a ROG.e no Rio, em 23/9/2024 (Foto Vitor Curi/eixos)
Gerente executivo de Gás e Energia da Petrobras, Álvaro Tupiassu, em entrevista ao estúdio eixos, na Rio Oil & Gas & Energy (ROG.e) 2024 | Foto Vitor Curi/eixos

RIO – A Petrobras assinou um contrato de comercialização de gás natural com a Portobello, no mercado livre, em Santa Catarina. 

É a primeira cliente da estatal na indústria ceramista, segmento que reúne o maior número de consumidores livres no Brasil e que vinha, até então, sendo um dos principais nichos de mercado de comercializadores concorrentes.

Para a Petrobras, o acordo representa também a diversificação de sua atuação no mercado livre, concentrada até então no setor siderúrgico – onde a companhia tem contratos com empresas como a CSN, Ternium e Arcelor Mittal.

“Estamos em processo de expansão e consolidação de nossa carteira de clientes no mercado livre de gás natural. Os novos contratos que foram celebrados, como este, com o ingresso da Petrobras como fornecedora em um novo setor, demonstram que estamos no caminho certo”, afirmou, em nota, o gerente executivo de Gás e Energia da Petrobras, Álvaro Tupiassu.

Segundo a petroleira, a Portobello é o principal consumidor industrial de gás de Santa Catarina.

Petrobras entra em segmento concorrido

A indústria ceramista é, hoje, o segmento com maior número de agentes no mercado livre de gás natural.

O setor é disputado, hoje, por comercializadores privados como Edge, MGás e Galp.

Levantamento da agência eixos, com base em dados públicos da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), mostra que 20 clientes industriais do segmento ceramista tinham contratos ativos no mercado livre até fevereiro, com seis supridores diferentes. 

Segue a lista:

  1. Biancogres Cerâmica (Shell)
  2. Cerâmica Carmelo Fior (MGás)
  3. Cerâmica Alfagres (MGás)
  4. Viva Pisos e Revestimentos (MGás)
  5. Pisoforte Revestimentos Cerâmicos (MGás)
  6. LEF Pisos e Revestimentos (Edge)
  7. Delta Indústria Cerâmica (Edge)
  8. Cerâmica Capri (Eneva)
  9. Cerâmica Villagres (Shell)
  10. Cerâmica Serra Azul (Brava Energia)
  11. Cerâmica Ramos (Edge)
  12. Lume Cerâmica (Edge)
  13. Cerâmica Cristofoletti (Galp)
  14. Cerâmica Savane (Galp)
  15. Karina Pisos e Revestimentos Cerâmicos (Galp)
  16. Cedasa (Edge)
  17. Incopisos (Edge)
  18. NovaPorcelanato (Edge)
  19. Cerâmica Almeida (Galp)
  20. Cerâmica Formigrês (Edge)

Petrobras contra-ataca

A Petrobras voltou a perder participação de mercado na comercialização de gás natural em 2024, com reflexos sobre a rentabilidade de seu negócio de gás.

A chegada de novos concorrentes levou a um novo movimento de desconcentração, ainda que não o suficiente para mudar estruturalmente o setor e ameaçar a posição de agente dominante da estatal – que, aliás, partiu para o contra-ataque.

Relembre: em resposta à concorrência, lançou uma nova política comercial – o prêmio de incentivo à demanda – e passou a oferecer descontos no preço do gás para volumes acima do compromisso mínimo (take-or-pay), justamente o volume mais sensível a arbitragens do gás spot.

As perspectivas para o mercado livre

A expectativa é que a migração de consumidores industriais para o mercado livre de gás natural se mantenha acelerada em 2025.

Na avaliação da Thymos Energia, a tendência é que a abertura do mercado se concentre entre grandes e médios clientes, num primeiro momento.

O número de indústrias que migraram para o mercado livre de gás natural mais que dobrou em seis meses.

Os volumes contratados no mercado livre não são públicos.

A Edge estima que sejam, atualmente, da ordem de 9 milhões de m3/dia e que haja potencial para se alcançar um patamar de até 15 milhões de m3/dia este ano – o que representa mais da metade do consumo industrial no mercado de gás brasileiro.

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