RIO – A MGás, do grupo J&F, fechou um acordo com a Total Austral para importar gás natural da Argentina, via Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.
É a primeira autorização concedida pelo governo argentino para envio de gás local para o Brasil diretamente, sem o intermédio da Bolívia.
A holding dos irmãos Wesley e Joesley Batista, por meio da Âmbar Energia, opera a termelétrica Uruguaiana (600 MW), uma usina merchant (que vende energia no mercado de curto prazo) e cuja operação não é contínua.
A Total Austral, braço da TotalEnergies que atua na área de exploração e produção de óleo e gás no país vizinho, obteve autorização do governo argentino, esta semana, para exportar até 1,5 milhão de m3/dia, na modalidade interruptível, para a MGás até maio de 2026.
O preço na fronteira com o Brasil é de US$ 9,25 o milhão de BTU, segundo dados apresentados no pedido de autorização para exportação.
O gás chegará pela malha de gasodutos da Transportadora de Gas del Mercosur (TGM), do lado argentino, até a fronteira com o Brasil, onde se conectará à rede da Transportadora Sulbrasileira de Gás (TSB).
A TSB abastece o mercado de Uruguaiana – a malha de gasodutos local está desconectada do restante do sistema integrado de transporte brasileiro.
Este não é o primeiro acordo de importação de gás argentino da MGás. A comercializadora brasileira tem autorização do governo argentino também para trazer gás da Tecpetrol, mas nesse caso via Bolívia.
Já a Total Austral tem aval para exportar gás, também via Bolívia, para a comercializadora Matrix Energy.
A Total iniciou em setembro as operações de Fênix, seu novo campo de gás offshore, na costa da Terra do Fogo, no sul do país.
O projeto tem capacidade para produzir 10 milhões de m3/dia e é uma das fontes de gás que a francesa conta para exportar para o Brasil.
Oportunidade para os agentes
O verão 2024/2025 surge no horizonte como a 1ª janela de oportunidade para importação de gás natural argentino e os agentes do mercado movimentam suas peças no tabuleiro, em busca dos primeiros contratos para testar a integração com o país vizinho.
Além da MGás e Matrix, a Gas Bridge, Pan American Energy e a Tradener já têm autorização do governo argentino para importar gás do país, via Bolívia.
O governo boliviano publicou em agosto um decreto que amplia as competências da estatal YPFB e formaliza, assim, a criação do serviço de trânsito internacional que permitirá o envio de gás natural da Argentina rumo ao Brasil, pela malha de gasodutos do país andino.
E definiu o preço para enviar gás argentino ao Brasil. O serviço de trânsito internacional da YPFB, que permitirá o envio de gás natural da Argentina rumo ao Brasil, pela malha de gasodutos da Bolívia, custará entre US$ 1,4 e US$ 2 o milhão de BTU, dependendo do tipo de contrato.
A estatal boliviana oferecerá produtos com prazos diferentes: sazonal (válido para o verão, quando há expectativa de excedentes de gás argentino para exportação), trimestral, mensal e diário. Quanto mais longo o prazo de contratação, menor a tarifa.
Agentes que se movimentam para trazer gás argentino para o Brasil têm considerado a tarifa cobrada pela YPFB alta, sobretudo as de curto prazo.