A presidente da MDC Energia, Manuela Kayath, acredita que o Combustível do Futuro será um grande impulsionador do mercado de biometano no Brasil, com foco, num primeiro momento, na substituição de gás natural de origem fóssil no segmento industrial e do diesel no setor de transporte.
Em entrevista ao estúdio eixos, no 11° Fórum do Biogás, a executiva destacou que a longo prazo, contudo, o gás renovável tende a ganhar espaço como matéria-prima para a produção da nova geração de combustíveis.
“O plano de descarbonização do setor de gás natural a partir do biometano, previsto no Combustível do Futuro, trará uma demanda garantida e vai alavancar outros projetos”, disse Kayath à eixos.
“O biometano, assim como o CO2 biogênico, que pode ser usado como subproduto da nossa produção de biometano, passa a ser um insumo e uma rota tecnológica importante para a produção de combustíveis futuros – ou seja, o SAF [combustível sustentável de aviação], o e-metanol, a ureia e o hidrogênio verde”, completou.
A MDC produz biometano, hoje, em aterros sanitários em São Pedro da Aldeia (RJ) e Caucaia (CE).
E recebeu autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no fim de setembro, para operar uma terceira planta, no aterro de Caieiras (SP).
MDC mira aterros de menor porte
Kayath destaca que o marco do saneamento básico deve estimular a criação de novos aterros de menor porte e que a companhia mira, aí, um nicho de mercado. O desafio, nesse caso, é garantir a rentabilidade dos projetos de menor escala.
“Estamos trabalhando muito para desenvolver tecnologias de economicidade em projetos de aterros menores, que eu acho que é fundamental para a replicabilidade desses projetos”
“Porque, até então, a maior parte dos aterros menores que usam o biogás para valorização energética, estão usando ele para produzir energia elétrica, e não para converter no biometano”.
Certificado de origem permitirá prêmio
Para a executiva, outro avanço importante trazida pelo Combustível do Futuro foi a instituição do certificado de origem.
Ela cita o desenvolvimento desse mercado na Europa e Estados Unidos, onde esse bônus de descarbonização é bastante valorizado.
“Nos Estados Unidos, o milhão de BTU de gás vale US$ 3 e o certificado pode valer até US$ 25. Ou seja, muito mais do que a molécula”, disse.
Segundo Kayath, é importante que a regulamentação do Combustível do Futuro garanta um certificado que seja robusto. Ela também defendeu que, a exemplo dos CBIOs, do RenovaBio, esses certificados tenham critérios de aposentadoria pela parte obrigada.
“É muito mais fácil vender esse certificado do que necessariamente a molécula, dependendo de onde se está produzindo e onde o cliente está”, comentou.