RIO – A indústria ceramista ultrapassou, este mês, a marca de 2 milhões de m3/dia no mercado livre de gás natural.
O setor começou a testar a modalidade em 2024 e decidiu ampliar sua presença no ambiente livre. Desde o ano passado, mais que triplicou o volume contratado fora do mercado cativo.
A investida da indústria ceramista no mercado livre em 2025 marca também uma diversificação da base de fornecedores.
O setor, que começou a migrar em 2024 a partir de contratos com a Shell e Edge, agora conta também com contratos com a Galp e MGás.
Novas migrações no radar
Atualmente, 21 unidades de produção do setor ceramista estão no mercado livre – é o segmento industrial com maior número de clientes livres.
A expectativa é que mais migrações ocorram a partir de abril, conta o diretor de Relações Institucionais da Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer), Luís Fernando Quilici.
São Paulo responde por quase dois terços da produção nacional de revestimentos. Ao todo, 17 plantas de produção localizadas no estado estão no mercado livre.
Isso representa um consumo da ordem de 1,8 milhão de m3/dia – cerca de 85% do volume consumido pelas associadas da Aspacer.
À exceção de uma empresa que se mantém como parcialmente livre, todas as demais decidiram migrar 100% de seu volume para o mercado livre – todos eles na área de concessão da Comgás.
Fora de São Paulo, existem mais quatro consumidores livres: o grupo Biancogres, do Espírito Santo, o primeiro do setor a migrar; as cerâmicas Capri e Serra Azul, de Sergipe; e a Pisoforte, em Santa Catarina.
Serra Azul e Pisoforte são do grupo Carmelo Fior, que já tinha migrado parte do volume consumido nas plantas paulistas para o mercado livre em 2024, mas que decidiu dobrar a aposta e migrar 100% para a modalidade este ano.
O gás é o principal item de custo da cerâmica nacional, responsável por cerca de 30% do custo de produção do metro quadrado.
Setor espera mudanças no mercado em 2025
A maioria das empresas, afirma Quilici, tem optado por contratos de curto prazo, em geral anuais.
“Esperamos novidades em 2025 do ponto de vista regulatório, como a revisão tarifária das distribuidoras de São Paulo; e a entrada de novos agentes no mercado, como a própria Petrobras, que não estava no jogo até então mas está buscando se aproximar [da indústria ceramista]”.
“Tudo isso influenciou na opção por contratos de curto prazo, tem muita coisa para acontecer”, comentou Quilici.
Ele conta ainda que as empresas perseguem propostas mais vantajosas não só no preço da molécula, mas também em quesitos como flexibilidade no consumo e menos penalidades.