O Ministério de Minas e Energia (MME) habilitou a empresa Cemes Petróleo para participar do projeto Poço Transparente, voltado à avaliação do uso de fraturamento hidráulico (ou fracking) na exploração de gás natural não convencional.
A qualificação da Cemes é apenas o primeiro passo e não autoriza o início de operações.
Segundo nota do MME, o projeto ainda passará por etapas de análise e acompanhamento sob coordenação da pasta, com exigência de adoção “dos mais elevados padrões de segurança operacional e preservação do meio ambiente”.
Não há previsão de início de atividades em campo no curto ou médio prazo, afirma o ministério.
Como parte dos compromissos do Poço Transparente, a empresa deverá manter um canal online com informações públicas e atualizadas sobre o projeto.
Todas as fases, do licenciamento à autorização final pela ANP, serão acompanhadas por órgãos públicos e deverão seguir critérios rigorosos de segurança ambiental e transparência.
De acordo com a agência, não há, até o momento, estudos sobre o risco de contaminação de aquíferos — fator que pode barrar a liberação das atividades.
Conforme adiantou em janeiro o eixos pro, serviço de cobertura exclusiva para empresas (teste grátis), a Cemes, em parceria com a estatal mineira Codemig, submeteu projeto para atuar no bloco SF-T-132, na Bacia do São Francisco, em Minas Gerais.
A liberação do fraturamento hidráulico é uma bandeira defendida pelo ministro Alexandre Silveira (PSD).
Poço Transparente
O programa Poço Transparente foi criado no governo de Jair Bolsonaro para tentar viabilizar o uso do fraturamento hidráulico no Brasil, com o edital para qualificação de projetos lançado no fim de 2022. E estabelece um roteiro de cinco etapas: perfuração, completação, fraturamento hidráulico, testes de produção e abandono.
A expectativa é que o programa sirva como plataforma para aperfeiçoamento da regulação sobre o tema, com base em testes em campo, monitorados por órgãos públicos e com divulgação periódica de informações à sociedade.
Em 2024, o governo criou, dentro da portaria que institui o programa Potencializa E&P, um subcomitê para debater o “desenvolvimento dos recursos de petróleo e gás natural em reservatórios não convencionais”.
O fracking — técnica que consiste na injeção de fluido sob pressão para liberar o gás retido em formações rochosas — já é adotado em países como Estados Unidos, Argentina e Canadá.
Apontada por organizações ambientais como uma ameaça aos aquíferos subterrâneos, entre outros possíveis danos à qualidade do ar e à saúde humana, a prática também recebe críticas do agronegócio, que teme concorrência com recursos hídricos e risco de contaminação em áreas de produção agropecuária.
Estados brasileiros como Paraná, Santa Catarina e Bahia têm se movimentado para aprovar legislações para proibir a atividade. Algumas centenas de municípios já também aprovaram leis para banir o fracking.