Data centers

Gás natural dará confiabilidade para data centers, avalia VP da Equinor no Brasil

Executiva defende gás natural como fonte de segurança no sistema elétrico

VP da Equinor, Cláudia Brun, participa do aquecimento gas week 2025, evento organizado pela agência eixos no escritório Mattos Filho, na Faria Lima (Foto Edu Viana)
VP da Equinor, Cláudia Brun, participa do aquecimento gas week 2025, evento organizado pela agência eixos no escritório Mattos Filho, na Faria Lima (Foto Edu Viana)

RIO — O gás natural poderá garantir a confiabilidade no fornecimento de energia diante da demanda de novos data centers no Brasil, defendeu a vice-presidente da Equinor no país, Claudia Brun, na quarta (27/8), em evento do Cebri, no Rio de Janeiro, preparatório para COP30.

Segundo a executiva, a expansão acelerada das renováveis variáveis, como solar e eólica, aumentam a relevância do gás natural como fonte de segurança no sistema elétrico, enquanto tecnologias de armazenamento de energia não se mostram economicamente viáveis

“Provavelmente vai ter que consumir um pouco mais de gás até que novas tecnologias de estocagem, como baterias, se viabilizem. A gente ainda precisa ter confiabilidade, porque data center precisa ter confiabilidade 24 horas por 7 dias na semana”, afirmou.

Em abril, a petroleira norueguesa anunciou a reestruturação de seu portfólio global com a criação da área de negócios Energia — PWR, resultado da fusão da divisão de Energias Renováveis (REN) com ativos de energia flexível do segmento de Marketing, Midstream e Processamento (MMP). 

A companhia explicou que estava combinando seus negócios de renováveis com usinas a gás e ativos de armazenamento de energia para fortalecer sua atuação no setor elétrico, diante da crescente demanda provocada pela expansão da inteligência artificial e dos data centers. 

O papel do gás na transição

Brun também destacou que os projetos de exploração e produção de gás natural da companhia no Brasil têm intensidade de carbono muito menor quando comparados aos de outros países.

Os empreendimentos de Raia e Bacalhau utilizarão turbinas a gás de ciclo combinado para reduzir as emissões de carbono, com a metas de intensidade de CO2 inferior a 6 kg por barril e 9 kg por barril, respectivamente. 

A média mundial é cerca de 20 kg por barril, diz a executiva.

Em julho, o Ibama emitiu a licença de instalação para o trecho offshore do gasoduto do Projeto Raia, no pré-sal da Bacia de Campos, que será o primeiro no Brasil a tratar gás no mar, no FPSO Raia.

O duto terá 200 km até o Terminal de Cabiúnas (RJ), com capacidade de escoar até 16 milhões de m³/dia. Segundo a Equinor, a operação prevista para 2028 poderá atender cerca de 15% da demanda do país.

Regulação para CCS

Claudia Brun também disse que é preciso avançar com o arcabouço regulatório para a captura e armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês), condição fundamental para desenvolver a atividade no país. 

“Ter o Combustível do Futuro já mapeando quem vai regular é um início importante, mas a gente precisa evoluir. O framework regulatório é imprescindível para que a gente possa sim estar avaliando isso [CCS]” disse. 

Segundo ela, é essencial que existam regras claras e um mercado de carbono efetivo para destravar o potencial brasileiro, incluindo soluções como o BECCS (bioenergia com CCS), e transformar o Brasil em um exportador de créditos de carbono.

“O Brasil tem uma indústria de bioenergia enorme, reservatórios onshore também muito inexplorados, e um potencial incrível de sermos emissores negativos de carbono. Mas precisamos de ter um mercado regulado eficaz e que converse também com os mercados mundiais para que isso possa ser um produto a ser exportado pelo Brasil”. 

Recentemente, o projeto Northern Lights, na Noruega, com participação da Equinor,  realizou sua primeira injeção de CO2 em reservatórios geológicos no Mar do Norte. 

“É um projeto super emblemático e importante para validar e comprovar uma tecnologia que já é conhecida há décadas”, disse.

O projeto contou com enorme apoio financeiro do governo norueguês, mas o CCS ainda está rodeado de incertezas.

Brun lista projetos cancelados na Europa, baixa demanda e falta de previsibilidade de regras, como clareza sobre a responsabilidade sobre o local de armazenamento de CO2 depois de fechado. 

“O custo de implementação desses projetos ainda é bastante elevado e a precificação do ETS na Europa entre 50 e 75 euros a toneladas ainda está muito distante do custo de implementação desses projetos. Mecanismos de incentivo que sejam por contratos de diferenças de carbono, seja através de benefícios fiscais são importantes”.

Desafios para óleo e gás

Brun lembrou que o ambiente global ainda impõe desafios adicionais. Segundo ela, a queda da demanda chinesa por óleo e gás, somada ao avanço da eletrificação, pressiona as margens das petroleiras em um cenário de preços mais baixos do barril. 

Ao mesmo tempo, os custos de projetos de grande porte aumentaram significativamente, afetando também projetos de transição energética. 

“Da mesma forma como a gente vem observando na indústria de óleo e gás os custos para construir novas FPSOs nas suas cadeias aumentando quase 30%, os custos de implementação desses projetos tanto para a CCS como para a eólica offshore tambémestão aumentando”. 

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