Integração regional

Gás da Argentina pode ajudar a destravar novas demandas no Brasil, diz Rivaldo Moreira

Diretor da Alvarez & Marsal diz que a Argentina tem hoje uma diversidade de produtores com grandes volumes de gás que pode ajudar o mercado brasileiro a se desconcentrar

BUENOS AIRES — A entrada do gás natural argentino no mercado brasileiro, caso se mostre competitiva, pode abrir oportunidades para destravar novas demandas por gás no país, avalia o diretor da Alvarez & Marsal, Rivaldo Moreira Neto.

Em entrevista ao estúdio eixos, durante o Midstream & Gas Day 2025, evento organizado pelo Econojournal, em Buenos Aires, ele destaca que, apesar do crescimento esperado na oferta de gás nacional nos próximos anos, esse gás novo ainda será muito concentrado nas mãos da Petrobras – e pode não ser suficiente para mudanças estruturais no mercado doméstico

A Argentina, por sua vez, tem hoje uma diversidade de produtores com grandes volumes de gás que pode ajudar o mercado brasileiro a se desconcentrar.

“A mudança de patamar do que temos agora para um mercado maior, que crie demanda nova, só com aquilo que a gente tem em casa talvez a gente não consiga chegar lá”, comentou.

Moreira Neto acredita que a integração regional vai acontecer em algum momento, porque os fundamentos para isso são claros: o Brasil precisa de mais ofertantes de gás competitivo e a Argentina precisa de um grande mercado consumidor para suas reservas abundantes em Vaca Muerta. 

Siderúrgicas têm grande potencial de demanda

Dentre as novas demandas para o gás, no Brasil, ele cita o potencial de desenvolvimento do consumo pelas siderúrgicas – pressionadas, no mercado global, a reduzirem suas emissões.

Moreira Neto também vê potencial para desenvolvimento da demanda por gás off-grid – ou seja, fora da malha de gasodutos – e no setor termelétrico.

O perfil de consumo flexível das termelétricas no Brasil, aliás, pode combinar com as pretensões de produtores argentinos de se consolidarem como exportadores de gás natural liquefeito (GNL). 

“O Brasil pode ser muito interessante para o GNL da Argentina”, disse.

Moreira Neto defende, ainda, a ideia de leilões para ajudar a casar ofertantes e consumidores de gás no mercado brasileiro. A inspiração vem do setor elétrico.

A criação de leilões estruturados, com a coordenação do governo, pode ajudar a “juntar as pontas” e a amadurecer a precificação do gás no Brasil.

“É um caminho pelo qual a oferta se apresenta para a demanda”, comentou.

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