BELO HORIZONTE – A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que a demanda por gás natural crescerá 36,6% no Brasil em dez anos no mercado não-termelétrico – o que inclui o consumo em indústrias, postos de GNV, comércio e residências.
De acordo com o Caderno de Gás Natural (na íntegra, em .pdf) do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), a demanda não-termelétrica deve atingir os 56 milhões de m3/dia em 2034 , o que representa um crescimento de 3,2% ao ano no período.
O cenário é mais otimista que o desenhado pela EPE na última versão, do PDE 2032, que previa um aumento de 2,5% ao ano.
Um terço desse aumento virá de São Paulo – que continuará na posição de maior mercado consumidor do país, seguido do Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais.
São Paulo também lidera o ranking de maior consumidor de gás natural no segmento downstream (refinarias e de fábricas de fertilizantes nitrogenados). A demanda no setor deve subir 43,75% até 2034, para 23 milhões de m3/dia.
O aumento previsto é decorrente de ampliações de refinarias existentes (Replan/SP, Revap/SP e Rnest/PE); da entrada de novos projetos (como a fafen de Três Lagoas/MS e o Polo Gaslub/RJ, rebatizado de Complexo de Energias Boaventura); além do retorno das operações da fábrica de fertilizantes de Araucária (PR).
No setor termelétrico, a EPE estima que haverá uma redução da demanda máxima em 2025, devido ao término do contrato de algumas usinas ao fim deste ano e cujos
contratos serão retomados em 2026 ou 2027.
No horizonte decenal, contudo, a previsão é que a demanda máxima projetada praticamente dobre, dos atuais 72 milhões para 140 milhões de m3/dia.
EPE vê excedente no balanço do mercado
Impulsionada pelas termelétricas, a demanda total deve crescer mais do que a oferta. A oferta potencial, contudo, é suficiente para atender ao aumento projetado do consumo.
O cenário de referência da EPE, aliás, prevê a existência de excedentes no mercado que poderiam vir a ser distribuídos aos consumidores finais por meio de gás natural liquefeito (GNL) ou comprimido (GNC) em pequena escala até que novos gasodutos sejam viabilizados.
A estatal considera que o Brasil “poderá alcançar volumes de gás natural com preços competitivos a partir de avanços no processo de abertura do mercado e em políticas públicas” que estimulem a competição e diversificação da oferta no setor.
Infraestrutura do gás poderá ser adaptada ao hidrogênio
A EPE destaca, ainda, que a infraestrutura de gás natural pode favorecer o desenvolvimento de soluções com baixa emissão de carbono, como biometano, biogás e hidrogênio – que podem, inclusive, vir a substituir o gás natural.
A EPE, no entanto, cita a necessidade de adaptações para utilização destas infraestruturas visando a movimentação de biogás ou hidrogênio.
A estatal pontua, então, que ao longo do horizonte decenal, serão necessários estudos sobre o impacto destes energéticos na infraestrutura de gás natural e os investimentos necessários para viabilização desse aproveitamento.