RIO – A Edge, comercializadora de gás natural do grupo Cosan, fechou um acordo com a Tecpetrol para importar gás natural da Argentina, via Bolívia.
A produtora argentina, uma empresa do grupo Techint, obteve autorização do governo argentino, nesta terça (3/12), para exportar até 1 milhão de m3/dia, na modalidade interruptível, para a Edge até maio de 2026.
O preço na fronteira com a Bolívia é de US$ 7,50 o milhão de BTU, se considerado um Brent a US$ 80 o barril, segundo dados apresentados no pedido de autorização para exportação.
A Tecpetrol é a maior produtora de gás em Vaca Muerta, na Bacia de Neuquén, de acordo com dados da Rystad Energy. A empresa opera Fortín de Piedra – um dos principais ativos de gás não-convencional do país vizinho, com produção superior a 20 milhões de m3/dia.
Além de acordo com a Edge, a Tecpetrol também recebeu autorização do governo argentino para exportar para a MGás até 1,5 milhão de m3/dia.
Em agosto, o CEO da Compass, Antônio Simões, já havia sinalizado a investidores que a companhia estava “acompanhando de perto” as oportunidades de importação da Argentina já a curto prazo.
Ele destacou, na ocasião, que, num primeiro momento, as chances de importação serão “oportunísticas” – a expectativa no mercado é que o gás argentino terá condições de chegar na janela do verão 2024/2025 em caráter flexível (interruptível) e sazonal e que só deve se traduzir em contratos firmes mais para frente.
“Mas, sim, [o gás argentino] pode ser uma eventual fonte de suprimento competitivo e a gente quer ter a chance de participar. Vai, sem dúvida nenhuma, se materializar, a gente vai estar ali discutindo a competitividade operacional e tentar participar e trazer parte desse volume também para o nosso portfólio”, afirmou Simões, ao participar de teleconferência sobre os resultados financeiros do 2º trimestre.
A Edge tem a importação de gás natural liquefeito (GNL), por meio do Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP), como principal fonte de suprimento, mas vem buscando mais alternativas de originação de gás, como Bolívia e gás do pré-sal.
A corrida pelo gás argentino
Agentes de mercado de ambos os países se movimentam para viabilizar o envio das primeiras moléculas de gás argentino ao Brasil na janela do verão, quando há um excedente de gás no país vizinho para exportação.
Segundo fontes que participam de negociações, a expectativa é que as primeiras importações (em bases interruptíveis e volumes limitados) se concretizem no primeiro trimestre de 2025, já no fim dessa janela.
Será um teste para o modelo dessa relação comercial.
Existem, hoje, seis comercializadoras autorizadas pelo governo argentino a trazer gás do país vizinho para o Brasil, todos eles na modalidade interruptível:
- Edge com a Tecpetrol (via Bolívia)
- Matrix Energy com a Total Austral (via Bolívia);
- Gas Bridge possui acordo com a Pluspetrol (via Bolívia);
- MGás (J&F) com a Tecpetrol (via Bolívia) e Total Austral (via Uruguaiana);
- PAE com a própria Pan American Energy (via Bolívia);
- e Tradener com a Pan American Energy (via Bolívia).
Na semana passada, a YPFB assinou, com a TotalEnergies e a Matrix Energy, o seu primeiro contrato operacional internacional para viabilizar a exportação do gás argentino para o mercado brasileiro por meio do Sistema Integrado de Transporte da Bolívia.
O serviço de trânsito internacional é uma nova linha de negócios criada pela estatal boliviana, no contexto da aproximação entre Brasil e Argentina.