O Combustível do Futuro e o Mover são iniciativas bem-vindas para a descarbonização do transporte no Brasil, mas ainda falta políticas públicas que incentivem a construção de uma infraestrutura de abastecimento de gás natural e biometano para caminhões, afirmou o diretor da Scania, Gustavo Bonini, em entrevista ao estúdio eixos, no 11º Fórum do Biogás. (Assista na íntegra acima.)
“O Combustível do Futuro está tratando do biocombustível, do insumo energético para o caminhão, para o equipamento; o Mover endereçou toda a questão de pesquisa e desenvolvimento, e de industrialização desses equipamentos; e agora tem que olhar para a infraestrutura viária”, disse Bonini à eixos.
Para o diretor, a criação dos corredores a gás passa pela atuação conjunta das três esferas de governo (federal, estadual e municipal).
“Quando a gente fala da descarbonização, da mudança climática, da transição energética, e agora falando do uso do gás em caminhões, são as três esferas que precisam atuar alinhadas” .
“É uma demanda da sociedade, é a sociedade que está pedindo a descarbonização e essa é a resposta que a gente tem que dar, tanto o setor privado quanto o público, com políticas públicas para a descarbonização”, afirmou o diretor da Scania.
Bonini defende estímulo para caminhões a gás
Bonini cita exemplos de medidas que poderiam ser adotadas como políticas de incentivo aos corredores: linhas de financiamento com estímulos para postos; descontos em pedágios para caminhoneiros com veículos a gás; e desenvolvimento de novas rodovias que já nasçam interligadas a essas infrestrutura.
“Então, a gente tem que estimular a ponta, que é o caminhoneiro, mas também quem está criando a infraestrutura”, disse o executivo.
O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), afirmou, em entrevista recente ao estúdio eixos, durante a ROG.e, que a política para investimentos em sustentabilidade incluída no programa de concessões de rodovias do governo federal vai ajudar a expandir a infraestrutura para uso do gás no transporte.
“Ninguém vai comprar um caminhão sem ter um posto para abastecer no meio da sua rota. Então é exatamente isso que nós estamos fazendo”, disse o ministro.
Interligação de corredores será um desafio
Bonini acredita que a interligação dos corredores a gás será um dos grandes desafios na política de descarbonização dos veículos pesados no Brasil.
Esta semana, a Virtu GNL e a Edge anunciaram um acordo de suprimento de gás natural liquefeito (GNL) para viabilizar a instalação de um corredor de transporte pesado a gás do Porto de Santos rumo ao Centro-Oeste a partir de 2025.
É mais um passo dentro da estratégia da Virtu GNL de formar um grande corredor a gás no país. Os projetos em desenvolvimento pela empresa conectarão, no futuro, o litoral de São Paulo ao Maranhão.
Em paralelo, há iniciativas de distribuidoras de gás canalizado e governos estaduais para construção de corredores na região Sul e no Rio de Janeiro, por exemplo.