O governo da Bolívia publicou um decreto que amplia as competências da estatal YPFB e formaliza, assim, a criação do serviço de trânsito internacional que permitirá o envio de gás natural da Argentina rumo ao Brasil, pela malha de gasodutos do país andino.
A YPFB anunciou na semana passada que o decreto possibilitará à empresa desenvolver uma nova linha de negócios.
O Decreto Supremo 5.206/2024 atribui à estatal boliviana o papel de agregadora de gás em trânsito.
Ou seja, a YPFB será a responsável por prestar, aos vendedores e compradores internacionais, os serviços de recepção, programação, transporte internacional e entrega de gás natural pelo Sistema Integrado de Transporte de Gás em Trânsito – composto pelos ativos das transportadoras YPFB Transporte, YPFB Transierra, YPFB Andina e GasTransboliviano.
O decreto estabelece que, até que o regulador fixe as tarifas de trânsito, serão aplicadas as tarifas vigentes dos gasodutos de exportação. Agentes que se movimentam para trazer gás argentino para o Brasil calculam que a tarifa de passagem boliviana será da ordem de US$ 1,5 o milhão de BTU.
A YPFB informou que o serviço estará totalmente operacional a partir do quarto trimestre deste ano e que será possível trazer da Argentina até 4 milhões de m3/dia rumo ao Brasil.
A corrida pelo gás argentino
O verão 2024/2025 surge no horizonte como a 1ª janela de oportunidade para importação de gás natural argentino e os agentes do mercado movimentam suas peças no tabuleiro, em busca dos primeiros contratos para testar a integração com o país vizinho.
Ao todo, cinco empresas já têm autorização do governo argentino para importar gás do país: a Gas Bridge, Pan American Energy, Tradener, MGás e a Matrix Energy.
A Edge, o braço de comercialização da Compass, é outra empresa que está “acompanhando de perto” as oportunidades de importação da Argentina.
Do lado dos produtores, a Pluspetrol, a TotalEnergies, a Tecpetrol e a própria Pan American Energy se mobilizam.
A curto prazo, a Bolívia é a única rota viável para escoar o gás argentino aos grandes centros de consumo do mercado brasileiro.
A longo prazo, no entanto, se o comércio Argentina-Brasil se desenvolver para volumes maiores, será preciso investir em mais infraestrutura e aí outras rotas alternativas podem ser exploradas, como Uruguaiana, Uruguai ou Paraguai, por exemplo.