Gás Natural

Bolívia define preço para enviar gás argentino ao Brasil

Serviço de trânsito internacional da YPFB custará entre US$ 1,4 e US$ 2 o milhão de BTU, dependendo do tipo de contrato

Reduzir importações de diesel, eletrificação da frota e petroquímica nacional: conheça os planos de Luis Arce para a energia na Bolívia. Na imagem: Placa escrita YPFB e tanque de armazenamento na cor prata com faixa pendurada nas cores da bandeira da Bolívia: vermelho, amarelo e verde (Foto: Divulgação YPFB)
(Foto: Divulgação YPFB)

O serviço de trânsito internacional da YPFB, que permitirá o envio de gás natural da Argentina rumo ao Brasil, pela malha de gasodutos da Bolívia, custará entre US$ 1,4 e US$ 2 o milhão de BTU, dependendo do tipo de contrato, segundo fontes.

A estatal boliviana oferecerá produtos com prazos diferentes: sazonal (válido para o verão, quando há expectativa de excedentes de gás argentino para exportação), trimestral, mensal e diário. Quanto mais longo o prazo de contratação, menor a tarifa.

Os valores podem mudar no futuro. Nesta quinta (17/10), o diretor de contratos de gás natural de YPFB, Julio César Soliz Medrano, explicou que, num primeiro momento, será aplicada a tarifa vigente dos produtos de exportação.

“No futuro o Decreto [Supremo 5.206/2024] prevê que eventualmente poderá haver um regime tarifário diferente para esse gás em operação de trânsito. E atribui à Agência Nacional de Hidrocarbonetos (ANH) fixar quais seriam esses novos valores”, disse, ao participar de webinar promovido pela Megsa, o Mercado Eletrônico de Gás da Argentina.

Custo do transporte pressiona preço final

Agentes que se movimentam para trazer gás argentino para o Brasil considera a tarifa cobrada pela YPFB alta, sobretudo as de curto prazo, mas não inviáveis. Esperam, no entanto, que no futuro o valor seja revisto.

Para efeitos de comparação, o custo do transporte, nos contratos mais recentes da Petrobras com as distribuidoras, têm oscilado entre US$ 1,5 e US$ 1,7 o milhão de BTU.

Aos serviços de transporte no Brasil e na Bolívia ainda se somam os do lado argentino — que dependem do fluxo interno do gás.

Para vir de Vaca Muerta até a fronteira com a Bolívia, podem superar os US$ 1,5 o milhão de BTU.

Todo esse custo associado ao transporte pressiona, ao fim, a competitividade do gás argentino.

YPFB prepara expansão da capacidade de trânsito

 A YPFB destacou que, num primeiro momento, terá capacidade para movimentar até 4 milhões de m3/dia da Argentina para o Brasil, mas que essa capacidade pode ser ampliada para 10 milhões de m3/dia em 2025, com pequenos ajustes na malha de gasodutos.

“Obviamente, essa expansão estará pronta conforme volumes maiores puderem fluir da Argentina. Entendemos que a restrição agora não é sobre gás, mas sim sobre capacidade de transporte [na Argentina]”, disse Soliz.

O serviço de trânsito internacional da YPFB poderá ser contratado tanto pelo produtor argentino interessado em entregar o gás ao cliente brasileiro na fronteira com o Brasil; quanto pela comercializadora ou indústria brasileira que deseje comprar o gás na Argentina. 

“Existe essa flexibilidade. É o mesmo contrato que se aplicaria a um ou a outro”, comentou Soliz.

Segundo ele, em breve serão assinados os primeiros contratos.

Em agosto, o governo da Bolívia publicou um decreto que amplia as competências da estatal YPFB e formaliza, assim, a criação do serviço de trânsito internacional. O decreto atribui à estatal boliviana o papel de agregadora de gás em trânsito.

No futuro, a YPFB quer se tornar uma comercializadora internacional de gás, de forma que consiga comprar gás argentino para revender a outros países.

Mudanças na Argentina

Esta semana, o governo argentino trocou o comando da Secretaria de Energia. É a primeira mudança na equipe econômica de Javier Milei, em meio à aproximação recente com o ex-presidente Maurício Macri.

Eduardo Chirillo deu lugar à María Tettamanti, ex-CEO da distribuidora de gás Camuzzi e ex-Total Austral.

O verão 2024/2025 surge no horizonte como a 1ª janela de oportunidade para importação de gás natural argentino e os agentes do mercado movimentam suas peças no tabuleiro, em busca dos primeiros contratos para testar a integração com o país vizinho.

Ao todo, cinco empresas já têm autorização do governo argentino para importar gás do país: a Gas Bridge, Pan American Energy, Tradener, MGás e a Matrix Energy.