Mercado de gás

ANP autoriza TotalEnergies a importar gás natural pela Bolívia

Importação é solução defendida por consumidores brasileiros contra alto preço da molécula no mercado doméstico

Raffinerie des Flandres Total (Foto: Zylberman Laurent/Total)
Raffinerie des Flandres Total (Foto: Zylberman Laurent/Total)

BRASÍLIA – A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) autorizou a TotalEnergies a importar gás da Bolívia pelo Gasbol. A autorização tem validade de dois anos e foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta (7/8).

Em seu pedido de permissão para importar o combustível, a TotalEnergies solicitou à ANP um volume máximo de 20 milhões de m³/dia, dois terços da capacidade total do Gasbol, de 30 milhões de m³/dia.

A TotalEnergies não possuía autorização para importação de gás natural, segundo informações que constam no site da ANP. É uma etapa burocrática, anterior ao registro de eventuais contratos junto à agência.

Importação de gás da Argentina

Recentemente, a Total Austral, braço da TotalEnergies que atua na área de exploração e produção de óleo e gás na Argentina, obteve autorização do governo local para exportar gás natural ao Brasil.

O governo argentino deu aval para que a petroleira francesa exporte até 1 milhão de m3/dia dos campos operados pela companhia no offshore da Terra do Fogo; e até 1 milhão de m3/dia de gás não-convencional da formação onshore de Vaca Muerta.

O preço na fronteira com a Bolívia é de US$ 9,18 o milhão de BTU, segundo dados apresentados no pedido de autorização para exportação. O gás passará pela infraestrutura boliviana de gasodutos até chegar à fronteira com Corumbá (MS).

Ao todo, a companhia produz cerca de 12,5 milhões de m3/dia de gás natural na Argentina e se prepara para ampliar esse volume com o desenvolvimento de Fênix – projeto na Terra do Fogo que com capacidade para produzir 10 milhões de m3/dia a partir do fim deste ano.

Integração

O Brasil possui três pontos de importação de gás natural por meio de gasodutos. O maior e único integrante da malha de transporte é o Gasbol operado pela Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia Brasil (TBG), controlada pela Petrobras.

Há ainda outra conexão com a Bolívia que entrega gás natural diretamente a Cuiabá. O Gasoduto Bolívia-Mato Grosso tem capacidade nominal de 2,8 MMm³/dia.

Por fim, a última conexão via dutos conecta a cidade de Uruguaiana, no estado do Rio Grande do Sul à Argentina, operado pela Transportadora Sulbrasileira de Gás (TSB), com capacidade de 7,68 MMm³/dia. É um trecho do que viria a ser o Gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre, que não sai do papel.

Operações no Brasil

A petroleira francesa detém, junto a Petrobras, Ipiranga e Repsol, 25% da própria Transportadora Sulbrasileira de Gás (TSB).

A TotalEnergies possui ainda 11 licenças no Brasil para exploração e produção (E&P), das quais quatro estão em operação. Os ativos estão principalmente nas Bacias de Campos e Santos, no pré-sal.

A produção média da companhia no país em 2023 atingiu aproximadamente 135,5 mil barris de óleo equivalente por dia. A empresa também opera uma fábrica de lubrificantes em São Paulo, com capacidade de 50 mil toneladas por ano para os setores automotivo, industrial, agrícola e marítimo.

Também vem ampliando o rol de atividades no país, com a entrada no mercado de distribuição. Desde 2018, tem investido no varejo, com a aquisição de redes de postos em vários estados, incluindo o Grupo Zema, do governador de Minas Gerais.