Tarifaço

ANP aprova mudança para evitar novo choque na tarifa da NTS

Transportadora sugeriu que tarifa final seja composta pela soma de duas parcelas, para diminuir ricos de novo tarifaço

Bruno Caselli, diretor substituto da Diretoria 4 da ANP durante Encontro promovido pelo eixos PRO (Foto: Stéferson Faria/Divulgação)
Bruno Caselli, diretor substituto da Diretoria 4 da ANP durante Encontro promovido pelo eixos PRO (Foto: Stéferson Faria/Divulgação)

A diretoria da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou nesta quinta (14/11) uma mudança na forma de cálculo das tarifas da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), na oferta de capacidade disponível para 2025-2029. 

O objetivo, segundo a ANP, é evitar distorções que levem a um novo choque tarifário, como o ocorrido este ano, de 26% na entrada e de 7% na saída do sistema — e que foi mitigado parcialmente após um acordo entre o regulador e a Petrobras.

A alteração na metodologia foi uma proposta da própria NTS. A transportadora sugeriu que a tarifa final seja composta pela soma de duas parcelas:

  • a Tarifa Legados: resultante da divisão da receita dos contratos legados (subtraído o saldo da conta regulatória) pela capacidade no cenário de referência (fixado com base nos máximos históricos);
  • e a Tarifa Gasig: consiste na divisão da receita do gasoduto Itaboraí-Guapimirim pela soma das capacidades solicitadas na fase de manifestação de interesse e a capacidade já reservada pela Petrobras no TCC do Cade.

A ideia é que uma eventual frustração na demanda, como aconteceu na oferta deste ano, fique restrita apenas a uma das parcelas – reduzindo os riscos de um novo tarifaço.

O coordenador de Acesso ao Transporte na Superintendência de Infraestrutura e Movimentação (SIM/ANP), Guilherme di Biasi, afirmou que a mudança aprovada gera uma expectativa de “devolução do aumento tarifário observado em 2024”.

NTS quer reconhecimento de investimentos na receita

A NTS pediu também que fossem incluídas na Receita Máxima Permitida (RMP) valores referentes aos investimentos feitos pela companhia nos pontos de recebimento de Guapimirim e de GNL da Baía de Guanabara; e no ponto de interconexão de Cabiúnas.

A diretoria da ANP, contudo, votou por analisar o pedido à parte.

O diretor substituto Bruno Caselli, relator do processo, alegou que, assim, não comprometerá a celeridade necessária para início da oferta de capacidade em conjunto com a das demais transportadoras.

Na votação, a diretora Symone Araújo reforçou que a oferta de capacidade coordenada entre as diferentes transportadoras da malha integrada é um pleito do mercado.

Relembre o tarifaço

O choque tarifário na malha da NTS este ano teve origem no descasamento entre o cenário de referência e a demanda sinalizada na fase de manifestação de interesse.

A necessidade de recalcular as tarifas, diante da diferença das premissas, é algo natural do processo. O que chamou a atenção, nesse caso, foi o tamanho da disparidade dos números: uma demanda 13 milhões de m3/dia abaixo da referência.

Na fase de manifestação de interesse, a Petrobras (principal cliente) se ateve a solicitar a capacidade desejada no Gasig – o único gasoduto de fato novo.

Para a contabilização final da demanda do sistema, foram consideradas então as propostas dos demais agentes e as reservas de capacidade sinalizadas pela Petrobras no Acordo de Redução de Flexibilidade de 2019 (aquele que possibilitou abrir a malha para terceiros).

Acontece que os números contidos no ARF não refletem o histórico recente dos volumes efetivamente movimentados pela estatal, sobretudo nos pontos de entrada de Caraguatatuba (SP) e Tecab (RJ). São anteriores, por exemplo, à decisão da ANP de flexibilizar as especificações do gás da UTGCA.

Já o cenário de referência foi calculado com base na movimentação de gás nos últimos dois anos – ou seja, uma estimativa que parte de um histórico mais recente. Isso ajuda a explicar as disparidades nas contas.

O regulador chegou a um acordo com a Petrobras para aumentar a capacidade reservada pela estatal em Caraguatatuba (SP) – e, assim, amenizar o choque.