RIO — Países da União Europeia estudam criar consórcios para aquisição conjunta de gás natural. O objetivo é conseguir maior poder nas negociações e, com isso, melhores preços.
Na segunda-feira (16/1), o vice-presidente da Comissão Europeia, Maroš Šefčovič, disse que a ideia é comprar o gás em conjunto “bem antes do verão”.
Também ontem, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, voltou a acenar para o líder turco, Recep Tayyip Erdogan, com a criação de um hub regional de gás na Turquia. O Kremlin busca, no Mar Negro, um destino para o gás antes exportado para a Europa.
Após uma primeira reunião, Šefčovič pediu que os membros da UE se envolvam rapidamente com os principais agentes do mercado, para estimar a demanda. A ideia é atrair propostas de oferta no início da primavera do Hemisfério Norte.
Outra reunião será realizada no dia 25 de janeiro, com a presença de grandes consumidores — como as indústrias de cerâmica, química e fertilizantes — para discutir o modelo da plataforma de compra conjunta.
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Europa lidou com preços recordes em 2022
Com a Guerra da Ucrânia, a Europa reduziu as compras de gás russo, como retaliação, e aumentou as importações de gás natural liquefeito (GNL) de outros países, como os EUA — mas a um preço mais alto.
No ano passado, o preço do gás no continente bateu recordes. Daí o interesse em buscar um gás mais competitivo.
A previsão é que a dependência europeia do GNL deve atingir 39% entre 2023 e 2024 — o triplo do grau de dependência de 2018. E a tendência é que o ímpeto de contratação de GNL continue em 2023, segundo a Wood Mackenzie.
A consultoria destaca que a situação na Europa está melhor do que se temia, mas o continente ainda não está fora de perigo.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse nesta terça (17/1) que os preços europeus do gás caíram mais rápido que o esperado por causa da “vontade coletiva” do continente.
Os membros da UE concordaram, em julho de 2022, em reduzir a demanda de gás em 15% entre agosto de 2022 e março de 2023, na comparação com o consumo médio dos cinco anos anteriores. De acordo com a consultoria Eurostat, em 18 países o consumo caiu além da meta de 15% — e em alguns casos acima de 40%.
De acordo com a Platts, da S&P Global Commodity Insights, o preço de referência do TTF holandês chegou a atingir 319,98 euros por MWh em 26 de agosto do ano passado.
Os preços enfraqueceram desde então, devido ao sucesso europeu no armazenamento e nos cortes na demanda, para cerca de 55 euros por MWh.
O ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck disse que, se a Europa conseguir superar o inverno com níveis aceitáveis de gás natural ainda em reserva, o continente poderá ter um ciclo energético equilibrado neste ano. Mas é cedo para declarar o fim da crise ainda em 2023.
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