RIO — Os Estados Unidos se comprometeram a enviar mais 50 bilhões de m3 em cargas de gás natural liquefeito (GNL) à Europa, em 2023, dentro dos esforços multilaterais para redução da dependência europeia em relação ao gás russo.
Em 2022, os EUA exportaram 56 bilhões de m3 à União Europeia — volume 2,5 vezes superior ao entregue em 2021.
A UE foi o maior destino das exportações de GNL dos EUA em 2022, respondendo por mais de 52% das exportações americanas.
No fim de 2022, o gás russo, por sua vez, representava 16% das importações da União Europeia — abaixo dos 37% registrados em março de 2022, pouco depois da eclosão da Guerra na Ucrânia.
EUA devem liderar exportações de GNL
Os Estados Unidos devem se tornar, em 2023, os maiores exportadores de GNL do mundo, em meio à valorização da commodity no mercado internacional — cuja demanda ainda se mantém pressionada pela preocupação com a segurança energética, um ano após o início da Guerra da Ucrânia.
A Wood Mackenzie estima que o aquecimento da demanda global abre caminho, potencialmente, para investimentos de US$ 100 bilhões no desenvolvimento de novos projetos, nos próximos cinco anos, para apoiar o crescimento do mercado no longo prazo.
Os EUA são a principal fonte de importação do GNL consumido no Brasil. E foi, sobretudo o gás estadunidense, que, em 2022, ajudou a Europa a preencher parte da lacuna deixada pelos cortes de importação do gás russo.
Em 2022, os EUA foram o terceiro maior exportador de GNL do mundo, atrás do Catar e Austrália, segundo a consultoria.
Havia uma expectativa, inicialmente, de que os Estados Unidos se tornassem líderes em exportações globais no ano passado, mas a explosão da planta Freeport LNG, na costa do Golfo do Texas, adiou os planos.
Parceria entre EUA-UE faz um ano
Há um ano, Estados Unidos e UE celebravam a Força-Tarefa conjunta EUA-UE sobre Segurança Energética.
Nesta segunda-feira (03/04), as partes estabeleceram os próximos passos da cooperação, dentre eles manter avaliações contínuas dos mercados de GNL e garantia de novas entregas de gás dos EUA para o continente europeu.
“Nos próximos meses, a Força-Tarefa continuará trabalhando para manter um alto nível de suprimentos de GNL dos EUA para a Europa em 2023 de pelo menos 50 bcm. Isso é necessário dada a situação desafiadora de abastecimento e a necessidade de garantir o enchimento do armazenamento para o próximo inverno 2023-24”, cita o comunicado da Casa Branca.
Em maio, a UE planeja lançar as primeiras licitações para aquisição conjunta de gás. Os países europeus querem criar consórcios para aquisição conjunta de gás natural, com o objetivo de conseguir maior poder nas negociações — e, com isso, melhores preços.
Em resposta à guerra na Ucrânia, a Europa reduziu as compras de gás russo, como retaliação, e aumentou as importações de GNL de outros países, como os EUA — mas a um preço mais alto.
Em 2022, o preço do gás no continente bateu recordes — a referência do TTF holandês chegou a atingir 319,98 euros por MWh em 26 de agosto. Os preços enfraqueceram desde então, mas a situação não está pacificada, e os europeus buscam um gás mais competitivo.
A parceria entre EUA e UE também prevê ampliar, este ano, a cooperação em eficiência energética, para incentivar concessionárias e consumidores a implementar soluções de curto e médio prazo para reduzir o uso de eletricidade e gás — deslocando, assim, a demanda do horário de pico.