Obter as licenças de instalação e operação no momento necessário são alguns dos desafios para cumprir o cronograma do campo Raia (BM-C-33), na Bacia de Campos, segundo a diretora de operações da Repsol Sinopec no Brasil, Judith Pont.
Em entrevista ao estúdio eixos, durante a ROG.e, Pont frisou que, embora o objetivo seja iniciar a produção no campo em meados de 2028, o mercado competitivo e a complexidade do projeto trazem desafios. O projeto é operado pela Equinor, em parceria com a Repsol Sinopec e a Petrobras.
Com um orçamento de US$ 9 bilhões, Raia vai produzir 16 milhões de metros cúbicos de gás por dia, o suficiente para atender a 15% da demanda nacional de gás.
“Precisamos de apoio para conseguir as licenças de instalação e produção no momento adequado”, destacou durante a entrevista à eixos.
A produção no campo de Raia vai ocorrer a partir de um FPSO que irá tratar o gás diretamente no mar e enviá-lo à terra.
“Este projeto vai impactar diretamente o Brasil”, ressaltou Pont.
Comercialização
Segundo a executiva, a empresa ainda está nos estágios iniciais para identificar os possíveis consumidores desse gás.
“Estamos trabalhando para ver para onde podemos caminhar”, afirmou, sem definir clientes específicos.
O preço competitivo do gás também é outro desafio.
“Todos os atores estão trabalhando conjuntamente para evoluir para uma solução que seja factível para todos”, acrescentou.
O papel do gás natural na descarbonização
Pont reforçou a importância do gás natural no processo de descarbonização da matriz energética brasileira. Na visão da executiva, o Brasil já tem uma matriz energética diversificada, e o gás do projeto Raia contribuirá para mantê-la sustentável no longo prazo.
“O gás natural vai ajudar a continuar suportando essa matriz diversa, que é um dos grandes benefícios do projeto”, explicou.
A Repsol Sinopec também está trabalha em iniciativas de descarbonização, com projetos que incluem a captura de CO2 e a conversão em combustíveis.
O projeto DAC 5000 tem como objetivo o desenvolvimento do projeto de uma unidade piloto, alimentada por energia renovável, para a captura direta de até 5 mil toneladas de CO2 do ar por ano.
Para isto, utilizará a tecnologia Direct Air Capture (DAC), inédita na América Latina. Em outra frente, o projeto vai avaliar o potencial de injeção e armazenamento deste gás em rochas de subsuperfície, evitando que retorne para a atmosfera.
Outro projeto é o CO2CHEM — que visa a fabricar combustíveis e produtos químicos a partir de CO₂ capturado.