RIO — Ao comprar a ES Gás, por R$ 1,423 bilhão, no leilão de privatização da concessionária capixaba, a Energisa se torna a terceira operadora privada a entrar no mercado de distribuição de gás natural no Brasil.
Além da estreante, apenas a Compass (do grupo Cosan) e a Naturgy são controladores privados no setor — que ainda possui forte presença de sociedades de economia mista controladas pelos estados.
O leilão de privatização da ES Gás, realizado nesta sexta-feira (31/3), ocorre num contexto de abertura do mercado de distribuição e se segue à privatização da Sulgás, no fim de 2021, e à venda do controle da Gaspetro — ambos os ativos adquiridos pela Compass.
Com a compra da Gaspetro, a empresa do grupo Cosan passou, automaticamente, a controlar também a GasBrasiliano.
- A Compass controla, hoje, três distribuidoras: a Comgás (SP), a GasBrasiliano (SP) e Sulgás (RS);
- e a Naturgy controla a CEG (RJ), CEG Rio (RJ) e Gás Natural São Paulo Sul (SP).
Mitsui e Termogás, por sua vez, são sócios não controladores em suas concessões.
Energisa diversifica portfólio
Com forte presença nos segmentos de distribuição e transmissão de energia elétrica, a Energisa colocou o setor de gás natural como um dos vetores de seu plano de diversificação de negócios.
Em 2021, cerca de 92% do Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente vinha do negócio de distribuição de energia. Para 2026, a empresa prevê uma participação de 75% a 80% em distribuição e de 25% a 20% em outros negócios.
No leilão da ES Gás, a empresa desbancou a concorrência da GR RJ 010 Empreendimentos e Participações, no leilão da ES Gás. Segundo fontes, a GR RJ representava a colombiana Promigas na licitação.
O presidente da Energisa, Ricardo Botelho, afirmou que a empresa espera trazer, para a ES Gás, a expertise da companhia no mercado regulado de energia.
“Vemos muita similaridade com os negócios de rede que já temos, com as atividades de atendimento ao consumidor e de como lidar com regulação semelhante”, afirmou o executivo.
Ele destacou que a companhia quer se posicionar como protagonista na transição energética e que a compra da ES Gás é um passo para “alavancar a materialização desse negócio”.
Botelho citou, como atrativos da concessão, o potencial de expansão do mercado de gás do Espírito Santo; o marco regulatório estadual para o setor; e a participação importante do estado na produção de gás e presença de redes de transporte de gás no Espírito Santo.
“Isso estimula novos investimentos”, disse, em discurso após a vitória no leilão.
Novos passos no mercado de gás
Botelho comentou que, no plano de diversificação da companhia, a Energisa também mira os segmentos de biometano e geração de energia a partir do biogás.
Questionado se a empresa também tem interesse em participar da privatização da Compagas (PR), prevista para este ano, o executivo afirmou que a Energisa dá “um passo de cada vez” e está focada, primeiramente, “em fazer um bom trabalho no Espírito Santo”.
“Mas vamos estar sempre atentos a oportunidades que surjam”, disse, a jornalistas, ao comentar a aquisição da ES Gás.