Gás Natural

Acron acerta compra da fábrica de fertilizantes da Petrobras, diz Tereza Cristina

Grupo russo havia desistido da compra da planta de fertilizante da Petrobras após derrubada do governo de Evo Morales; Petrobras confirma acordo

Acron acerta compra da fábrica de fertilizantes da Petrobras, diz Tereza Cristina
Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em reunião com empresários do agronegócio (Guilherme Martimon, MAPA)

Durante evento no Mato Grosso do Sul, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou que o grupo Acron acertou a compra da fábrica de fertilizantes nitrogenados UFN-III, da Petrobras em Três Lagoas.

“Hoje, quando cheguei pela manhã, recebi a notícia do presidente da Petrobras [Joaquim Silva e Luna] e do ministro Bento Albuquerque [Minas e Energia], de que a Petrobras tinha concluído a venda com a empresa Acron”, disse a ministra.

As informações são da Reuters, publicadas nesta quinta (4/1).

“O presidente acabou de me ligar, feliz da vida, desejando muito sucesso a Três Lagoas e à agricultura brasileira, que vai ganhar muito com a implantação dessa fábrica, que produz produtos nitrogenados, ureia, que é imprescindível para que nossa agricultura seja cada vez menos dependente de importação desses nutrientes”, disse Tereza Cristina.

Petrobras confirma acordo; venda precisa de aprovação.

A Petrobras confirmou que “chegou a um acordo para as minutas contratuais” com a Acron para a venda da fábrica de fertilizantes de Três Lagoas. Como toda venda de ativos da companhia, a assinatura do contrato de venda depende de aprovações internas e, eventualmente, de aval regulatório do Cade e outras agências.

“(…) as etapas subsequentes do projeto serão divulgadas de acordo com a Sistemática de Desinvestimentos da companhia”, informou a Petrobras.

Desde o governo de Dilma Rousseff (PT), a Petrobras tenta sair do segmento de fertilizantes, como parte de sua estratégia de desinvestimento. As unidades na Bahia e em Sergipe foram arrendadas para a Unigel. A planta de Araucária (Ansa), no Paraná, foi desativada em 2020.

Acron desistiu do negócio após derrubada de Evo Morales

Em novembro de 2019, a Acron saiu das negociações para compra da fábrica de fertilizantes de Três Lagoas. Na mesma época, o então presidente da Bolívia, Evo Morales, escapava para o exílio após seu governo ser derrubado por uma aliança de militares e partidos conservadores.

As negociações em 2019 para a compra da UFN-III chegaram a envolver os governos de Vladimir Putin, da Rússia, que é sede da Acron, e o próprio Evo Morales, em viagem a Moscou, naquele ano. Foram fechados acordos bilaterais, incluindo o desenvolvimento de negócios no Brasil.

O grupo Acron chegou a firmar acordos com a YPFB, estatal da Bolívia, para comprar gás natural para abastecer a fábrica de fertilizantes nitrogenados.

Também foi feito um acordo com o governo do Mato Grosso do Sul para receber os mesmos incentivos fiscais destinados antes à Petrobras.

De lá para cá, o partido de Evo Morales voltou ao poder após a vitória de Luis Arce, um ano após a derrubada do governo.

A presidente Jeanine Áñez, que assumiu com o exílio de Evo Morales, foi presa. Um recente relatório das Organização de Estados Americanos (OEA) traz denúncias de casos de tortura, violência sexual e assassinatos no período que Jeanine comandou o país.

Bolsonaro quer visitar Putin

Jair Bolsonaro (PL) tem viagem marcada para encontrar o presidente russo, Vladimir Putin. Sob críticas, o presidente brasileiro pretende visitar um país em meio à crise da Rússia com a OTAN, que inclui uma pressão do governo dos EUA , de Joe Biden, contra a presença de tropas de Moscou na fronteira com a Ucrânia.

A tensão geopolítica ocorre em um momento de alta no preços das commodities e tem influenciado a disparada da cotação do petróleo no mercado internacional.

A Rússia também é uma importante supridora de gás natural para a Europa Ocidental e pretende expandir seus mercados, o que coloca mais um elemento na crise com a Ucrânia e seus aliados.  Os preços do gás dispararam com a chegada do inverno do Hemisfério Norte, e o choque nos mercados persiste.