RIO — Ao fechar contrato com a Petrobras, para acessar a infraestrutura de escoamento e processamento de gás natural do pré-sal, a chinesa CNOOC dá um passo importante para se posicionar como uma nova fornecedora da molécula no mercado brasileiro.
A companhia é sócia da Petrobras no megacampo de Búzios e vende, hoje, a sua parcela de gás no ativo para a estatal brasileira. A agência epbr apurou que o contrato vence no fim deste ano e envolve a entrega de 260 mil m3/dia.
Com a entrada em operação do Projeto Integrado Rota 3, em 2024, contudo, os volumes de gás da CNOOC devem aumentar.
O campo de Búzios deve receber, até 2027, mais sete plataformas do tipo FPSO — que somam uma capacidade de processamento de gás de 68,4 milhões de m3/dia. Nem todo esse volume, contudo, estará disponível ao mercado.
A CNOOC passou a deter, este mês, 7,34% da jazida compartilhada de Búzios, depois de pagar R$ 10,3 bilhões à Petrobras, em novembro, por uma fatia adicional no campo. A Petrobras opera o ativo, com 88,99%, e a chinesa CNODC tem 3,67%.
Com a proximidade do encerramento do contrato para venda de seu gás à Petrobras, a CNOOC foi ao mercado este ano, em busca de novas alternativas, segundo fontes.
Ainda não está claro qual será o destino do gás da chinesa em 2023: se a companhia repassará a sua molécula para outro comercializador (ou até mesmo renovar com a Petrobras) ou se a CNOOC buscará, ela própria, um contrato direto com alguma distribuidora ou consumidor livre no mercado.
Em nota divulgada na terça (27/12) ao mercado, a Petrobras citou que o acesso da CNOOC à infraestrutura de escoamento e processamento viabilizará o atendimento direto ao mercado pela companhia chinesa a partir de janeiro de 2023.
Mercado pode ganhar novo supridor
Com o contrato assinado com a Petrobras, a CNOOC acessará o Sistema Integrado de Processamento (SIP) e o Sistema Integrado de Escoamento da Bacia de Santos (SIE-BS).
Com isso, a chinesa poderá escoar o gás de Búzios por qualquer uma das rotas de exportação do SIE-BS e processá-lo nas plantas de propriedade da Petrobras.
Isso inclui os gasodutos de escoamento Rotas 1 e 2, operacionais, e a Rota 3, em construção, além das unidades de processamento da estatal brasileira em Caraguatatuba (SP), Cabiúnas e Itaboraí (em construção), ambas no Rio de Janeiro.
A abertura das infraestruturas essenciais para terceiros está em linha com os compromissos assumidos pela Petrobras com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em 2019, para promover a abertura do mercado de gás.
O acesso da CNOOC ao sistema de escoamento e processamento do pré-sal é um indicativo de que a chinesa pode estrear em breve como uma fornecedora de gás no mercado brasileiro.
A Petrobras tem acordos semelhantes para compartilhamento da infraestrutura com produtores que acabaram se tornando protagonistas no processo de abertura do setor este ano.
O primeiro contrato da Petrobras com um produtor privado do pré-sal para acesso às unidades de processamento foi assinado em 2022 com a Petrogal.
Além disso, a Petrobras tem contratos assinados com Repsol Sinopec e Shell para swap de gás natural — pelo qual a estatal processa o gás produzido pelas sócias e disponibiliza para o carregamento até seus clientes.
Esses acordos permitiram a entrada de novos fornecedores no mercado.
- Quem comprou e quem vendeu? O raio-x dos novos atores da abertura do mercado de gás no Brasil
Ao todo, já são ao menos doze os novos supridores com contratos assinados com as distribuidoras e clientes industriais livres no país.