G7 se compromete com fim de subsídios para carvão ainda em 2021

G7 se compromete com fim de subsídios para carvão ainda em 2021. Na imagem, térmica a carvão (Foto: Benita Welter/Pixabay)
Térmica a carvão (Foto: Benita Welter/Pixabay)

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 15/06/21
Apresentada por

Editada por Nayara Machado
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Líderes do G7 se comprometeram a interromper, até o final do ano, os subsídios públicos para a geração térmica a carvão.

Lançada no último domingo (13), a agenda compartilhada do grupo traz um plano de ação para tentar limitar o aumento da temperatura global abaixo de 1,5°C em comparação com a era pré-industrial.

A transição do carvão para outras fontes de energia com menor intensidade de carbono foi elencada pelo grupo como crucial para atingir o objetivo climático.

Um levantamento da Agência Nacional de Energia (IEA, em inglês) alerta que as emissões de CO2 do setor estão caminhando para o segundo maior aumento anual de todos os tempos em 2021, impulsionadas pelo carvão.

Segundo o comunicado do G7, a transição do carvão deverá ser acompanhada de políticas e apoios para uma transição justa para os trabalhadores e setores afetados, “para que nenhuma pessoa, grupo ou região geográfica fique para trás”.

Para isso, o grupo planeja destinar até US$ 2 bilhões em apoio à transição verde em países desfavorecidos.

E espera mobilizar US$ 10 bilhões em cofinanciamento, com participação do setor privado, para apoiar a implantação de energia renovável em economias em desenvolvimento e emergentes.

“Apelamos a outras economias importantes para que adotem esses compromissos e se juntem a nós na eliminação das fontes de energia mais poluentes e na intensificação dos investimentos em tecnologia e infraestrutura para facilitar a transição limpa e verde”, diz o comunicado.

A mensagem é vista como um recado à China, que tem aumentado o uso de carvão na produção de energia. Em abril, EUA e China anunciaram um acordo para reduzir emissões de carbono, mas sem detalhar como.

O G7 também anunciou planos de investimento em infraestrutura “para crescimento limpo e verde” em países emergentes e em desenvolvimento, em especial na África.

Mas a demanda por carvão está crescendo…

Estimativa da IEA para a demanda global de energia indica um crescimento de 4,6% em 2021, puxado pelos mercados emergentes, compensando a contração de 4% em 2020.

O valor deve ficar também 0,5% acima dos níveis de 2019 – pré-pandemia.

Isso vai significar um aumento expressivo na demanda por combustíveis fósseis, segundo a agência.

O carvão sozinho deve avançar 60% a mais do que todas as energias renováveis ​​combinadas, com mais de 80% do crescimento concentrado na Ásia, sustentando um aumento nas emissões de quase 5%, ou 1,5 bilhão de toneladas de CO2.

A China deve responder por mais de 50% do crescimento global da demanda.

Segundo a IEA, esse aumento reverteria 80% da queda observada em 2020, com as emissões ficando apenas 1,2% abaixo dos níveis de 2019.

“A demanda por carvão nos Estados Unidos e na União Europeia também está se recuperando, mas ainda deve permanecer bem abaixo dos níveis anteriores à crise. O setor de energia foi responsável por apenas 50% da queda nas emissões relacionadas ao carvão em 2020. Mas o rápido aumento na geração a carvão na Ásia significa que o setor de energia deve responder por 80% da recuperação em 2021”, estima o relatório.

Até mesmo a Europa, que começou a transição do carvão para o gás, está aumentando o uso da fonte mais intensiva em carbono.

Diante de uma escassez de gás natural no continente, os países estão recorrendo ao carvão para suprir a demanda por eletricidade.

O uso de carvão no continente aumentou de 10% a 15% este ano, após um inverno mais frio e com a reabertura de economias e retorno das pessoas aos escritórios. (Bloomberg/Money Times)

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China lança mapa de emissão de carbono

A China lançou no início do mês um mapa de emissões de carbono para medir o desempenho climático de suas províncias e alertar os governos regionais contra o descumprimento de metas de consumo de energia e eficiência.

O sistema elaborado pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC, na sigla em inglês) identificou que apenas 10 das 30 regiões atingiram as metas climáticas para os primeiros meses de 2021.

Os piores resultados ficaram em Zhejiang, Yunnan, Guangdong, Ningxia e Xinjiang, que tiveram aumentos no consumo de energia fóssil com a recuperação da atividade industrial e um verão mais quente, que aumentou a demanda por ar condicionado.

Carvão na MP da Eletrobras

Prevista para ser votada na quarta (16), a Medida Provisória de capitalização da Eletrobras traz uma emenda do senador Dário Berger (MDB/SC) para contratação de 2 GW de usinas a carvão mineral nacional para entrega de 2028 até 2032. (Canal Energia)

Berger também é o autor da proposta que obriga a Eletrobras a destinar anualmente R$ 250 milhões a um programa de revitalização econômica das regiões carboníferas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, pelo prazo de dez anos.

Mais: Vereadores mobilizam contra mineração no principal reduto de carvão do Brasil

Curtas

Investimento renovável. A Equinor vai destinar 50% ou mais de sua alocação bruta de capital para a geração de energia de fontes renováveis ou soluções de baixo carbono. Hoje, o segmento ocupa 4% do portfólio de investimento da companhia e o objetivo é atingir 50% em 2030. epbr

Carro a diesel. A Comissão de Minas e Energia da Câmara vai realizar uma audiência para discutir a liberação da comercialização de veículos leves movidos a óleo diesel, a pedido do deputado Paulo Ganime (NOVO/RJ). epbr

Saneamento. Quase um ano após a aprovação do marco legal do saneamento básico, que flexibilizou a entrada de agentes privados na operação de serviços de água e esgoto no Brasil, empresários defendem a participação do estado em investimentos para alcance da meta de universalização do saneamento até 2033. epbr

Crédito de carbono. A XP lançou hoje o fundo Trend Carbono Zero. A proposta do novo fundo é seguir o desempenho do índice IHS Markit Global Carbon Index e acompanhar oscilação de contratos futuros negociados em bolsas internacionais na Europa e nos Estados Unidos cujo lastro final são créditos de carbono. InfoMoney

Sem diversidade. As mulheres são minoria nos conselhos e diretorias das empresas de capital aberto no Brasil. Há setores em que não há nenhuma representante feminina no topo das diretorias executivas, caso de papel e celulose e de agricultura, açúcar e álcool. Levantamento da MZ Group analisou 250 empresas com ações negociadas. Valor

Nuclear. Inaugurada há dois anos no Sul da China, a central nuclear de Taishan apresenta risco de “ameaça radiológica iminente” em razão de uma alta concentração de gases em seu circuito. Um de seus reatores, construído em parceria com a empresa francesa EDF, está sendo monitorado para evitar um possível acidente. O Globo

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