Diálogos da Transição

G7 promete consumir menos óleo para acelerar transição de fósseis

Grupo de países ricos também afirma que apresentará NDCs ambiciosas e alinhadas com 1,5°C

G7 promete consumir menos óleo para acelerar transição de fósseis (Foto: Massimiliano De Giorgi/G7 Italy)
Declaração final da Cúpula do G7 promete acelerar ações nesta década para a transição para longe dos combustíveis fósseis (Foto: Massimiliano De Giorgi/G7 Italy)

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Editada por Nayara Machado
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A reunião do grupo das sete maiores economias globais (G7) terminou nesta sexta (14/6), na Itália, com a promessa de acelerar ações nesta década para a transição para longe dos combustíveis fósseis, como combinado em dezembro do ano passado na COP28.

“Faremos a transição dos combustíveis fósseis nos sistemas de energia de maneira justa, ordenada e equitativa, acelerando as ações nesta década crítica, para alcançar a neutralidade de carbono até 2050, de acordo com a melhor ciência disponível”, diz o comunicado final da cúpula.

Em seguida, o grupo formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido acrescenta que, para operacionalizar esses compromissos, serão feitos “esforços intensivos para reduzir a demanda e o uso de combustíveis fósseis”.

Em abril, o G7 já havia acordado em “acelerar os esforços rumo à eliminação progressiva da geração de energia a carvão sem captura de carbono e à descarbonização dos sistemas de energia”, até 2035 ou em um prazo compatível com a meta de 1,5°C, o que foi mantido na declaração de hoje.

Para organizações ambientais, o discurso das nações com mais recursos para impulsionar a transformação econômica rumo à descarbonização deixou a desejar, no entanto.

Em nota, o Grrenpeace diz que os líderes do G7 precisam ser mais claros sobre suas prioridades e se empenharem com um aumento significativo do financiamento climático.

No início da semana, uma análise do Climate Action Tracker constatou que, embora os países ricos finalmente tenham cumprido a meta de mobilizar US$ 100 bilhões anuais para ajudar as demais nações em suas transições para o baixo carbono, o volume de recursos está longe de ser suficiente, e o mundo continua em direção a um aquecimento de 2,7°C até o fim do século.

Declaração final

Outros compromissos assumidos na Itália esta semana incluem:

  • Submissão de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) ambiciosas e alinhadas com o limite de 1,5°C;
  • Esforços para preservar florestas e oceanos, e para acabar com a poluição plástica;
  • Engajamento com países africanos para promover o desenvolvimento sustentável e o crescimento industrial, por meio de investimentos em infraestrutura;
  • Capacitação de países para investimentos orientados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Neste sentido, o G7 afirma que está mobilizando bancos multilaterais de desenvolvimento para tornar possível ao Banco Mundial aumentar seu crédito em US$ 70 bilhões nos próximos dez anos;
  • Desbloqueio, junto a instituições financeiras internacionais de pelo menos US$ 20 bilhões em investimentos ao longo de três anos para promover o empoderamento das mulheres;
  • Promoção de um crescimento econômico global forte e inclusivo, “mantendo a estabilidade financeira e investindo em nossas economias para promover empregos e acelerar as transições digital e de energia limpa”;
  • Fortalecimento do sistema de comércio multilateral baseado em regras e implementação de um “sistema tributário internacional mais estável e justo, adequado para o século XXI”.

Eleições europeias vão impactar ação climática?

A Cúpula do G7 ocorre logo após as eleições para o Parlamento Europeu consolidarem ganhos importantes para os partidos de extrema direita – tradicionalmente resistentes à agenda ambiental e de clima –, enquanto os partidos verdes sofreram uma queda no número de assentos.

Esse novo cenário político pode ter repercussões significativas nas metas climáticas da União Europeia (UE) e gera uma preocupação global, inclusive no Brasil.

Entre analistas políticos internacionais, há um entendimento de que a nova configuração do parlamento não deve significar retrocessos no que já foi acordado, mas novas metas mais ambiciosas para o clima tendem a ser enfraquecidas, a exemplo da decisão de banir a venda de veículos movidos a combustíveis fósseis a partir de 2035, contestado pelo próprio partido da atual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Ela busca um segundo mandato e a eleição do próximo líder da Comissão será um processo crucial para definir os caminhos da política climática da UE. Entenda na cobertura de Gabriel Chiappini

Cobrimos por aqui:

Curtas

Plano para áreas inundadas

Porto Alegre deverá apresentar – no prazo de dez dias, contados a partir de quarta-feira (12) – um plano de atuação em que constem informações sobre ações de resposta, restauração e recuperação previstas para os casos de inundações e enchentes. A determinação é do juiz Thiago Notari Bertoncello, da 7ª Vara do Tribunal de Justiça da capital do Rio Grande do Sul. (Agência Brasil)

GD solar

A Usinas Brasil Solar (BRS) anunciou nesta sexta (14/6) o investimento de R$ 90 milhões em cinco novos projetos para usinas solares de geração distribuída em três estados brasileiros, somando 15 MW de potência. Serão dois empreendimentos no Rio de Janeiro, dois em Goiás e um em São Paulo. A expectativa é que os projetos entrem em operação até o final do ano.

Oportunidade para eletricistas

A Enel SP acaba de abrir inscrições para um programa de capacitação de eletricistas em parceria com o Senai. São mais de 200 vagas, com oito turmas mistas e duas turmas exclusivas para mulheres. As aulas começam no segundo semestre e a capacitação terá duração de até seis meses. É um programa intensivo que visa atender a demanda imediata da empresa por novos profissionais.

Artigos da semana

Bioeconomia: ferramenta de desenvolvimento econômico em bases sustentáveis e de baixo carbono Para o Brasil avançar com seu potencial competitivo, a bioeconomia deve ser cada vez mais vista como uma estratégia de Estado, escreve Elisa Romano

Combustíveis do futuro, só com pesquisa e inovação Destinar recursos obrigatórios PD&I do setor de combustíveis fósseis para biocombustíveis seria um incentivo sem impacto no orçamento público, escreve Thiago Falda

O gás natural de Vaca Muerta e segurança energética da América do Sul A queda da produção na Bolívia acende o alerta sobre a necessidade de retomada de projetos de integração energética, escreve André Leão

Cobre: metal é gargalo para rápida eletrificação e alcance do Net Zero Cobre emerge como elemento essencial para a transição global, pelo amplo uso na geração renovável e tecnologias emergentes, escreve Marcelo Gauto