Diálogos da Transição

G7 lança clube do clima e pode padronizar commodities verdes

Grupo das sete maiores economias mundiais lança um clube internacional para acelerar ações de cortes de emissões, especialmente na indústria

G7 lança clube do clima e pode padronizar commodities verdes. Na imagem: presidente ucraniano Volodymyr Zelensky participa da conferência virtual do G7 (Foto: Governo Federal/Imo)
Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky participa da conferência virtual do G7 (Foto: Governo Federal/Imo)

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Editada por Nayara Machado
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O grupo das sete maiores economias mundiais lançou hoje (12/12) um clube internacional do clima para acelerar ações de cortes de emissões, especialmente na indústria.

Em comunicado, a Alemanha, presidente do G7, define como escopo inicial do clube a descarbonização de setores industriais intensivos em carbono e mais difíceis de cortar emissões — por seu potencial de maior impacto nas ambições climáticas.

Outros setores com potencial substancial de mitigação de gases de efeito estufa (GEE) podem ser incluídos depois.

De acordo com o ministro da Economia e vice-chanceler da Alemanha, Robert Habeck, o G7 pretende estimular um mercado para commodities “favoráveis ao clima”, como aço cimento verde.

Na prática, funcionará como mais um fórum intergovernamental de discussão. Mas o foco na indústria intensiva e o poder econômico dos países membros pode ajudar a costurar acordos, por exemplo, em torno do hidrogênio de baixo carbono — a grande promessa de descarbonização da energia.

O G7 é formado por Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Japão, Canadá, Estados Unidos e União Europeia

Um dos pilares de trabalho do grupo é a “transformação da indústria” e, para isso, pretende “alinhar, na medida do possível”, metodologias, padrões, estratégias e marcos setoriais para produtos industriais verdes.

“Dado o papel importante do hidrogênio nos processos futuros da indústria, as discussões exploratórias também devem incluir um sistema de contabilidade comum para as pegadas de GEE do hidrogênio. Isso será feito por meio do apoio e do trabalho com iniciativas relevantes mais amplas”, explica o comunicado.

Essas iniciativas incluem a Agenda de Descarbonização Industrial (IDA) do G7, o Pacto de Ação para o Hidrogênio (HAP), a Agenda Breakthrough, a Iniciativa de Descarbonização Industrial Profunda do Ministério da Energia Limpa (IDDI) e a Coalizão First Movers.

Embora não seja um clube fechado, para participar, é preciso estar de acordo com alguns critérios, entre eles “a plena e efetiva implementação do Acordo de Paris”, com esforços compatíveis com a ambição de limitar o aumento da temperatura a 1,5°C até o fim do século.

O G7 também pediu à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e à Agência Internacional de Energia (IEA) para hospedar um secretariado interino. Veja aqui o termo de referência do clube (.pdf)

Cobrimos por aqui:

Corredor de hidrogênio

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, confirmou nesta segunda (12/12) a decisão de prosseguir com o projeto de um duto submarino para transportar hidrogênio de baixo carbono entre a Espanha e a França.

Com previsão de ficar pronto até o final da década, o empreendimento custará cerca de 2,5 bilhões de euros, com capacidade de 2 milhões de toneladas por ano, e deve ser parcialmente financiado pela União Europeia. Reuters

Europa sem gás

A União Europeia enfrenta um déficit potencial de quase 30 bilhões de metros cúbicos de gás natural em 2023 — mas o risco de escassez evitado com maiores esforços em eficiência energética, adição de renováveis e instalação de bombas de calor, entre outras soluções aponta a IEA em um novo relatório divulgado hoje.

Segundo a agência, o ano que vem pode ser um teste ainda mais severo que 2022 para a Europa, porque os suprimentos russos podem cair ainda mais e os globais de gás natural liquefeito (GNL) serão escassos.

Renováveis no Brasil

A participação de renováveis na matriz energética brasileira deve subir para 46,7% em 2022, ante 44,7% em 2021 — quando a crise hídrica afetou a geração hidrelétrica — , indica o Boletim Mensal de Energia do MME. Na matriz elétrica, essa participação é de mais de 86% (78,1% em 2021).

O Consumo Final Energético está previsto crescer cerca de 1,6%. Já a Oferta Interna de Energia poderá recuar 0,8%, devido a uma menor geração das usinas termelétricas, que possuem maiores perdas energéticas relacionadas, e à menor produção de cana de açúcar. Para a matriz elétrica, a previsão é de um forte aumento na geração solar (mais de 70%) e de crescimento da eólica e hidráulica (mais de 11% em cada fonte).

Caminhão elétrico abastece aeroporto de Manaus

O Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, de Manaus, no Amazonas, é o primeiro da América Latina a ter um caminhão de abastecimento de aeronaves 100% elétrico.

O veículo começou a operar de forma plena hoje, e é resultado de uma parceria entre a Pioneiro Combustíveis, BR Aviation (da Vibra Energia) e a Volkswagen Caminhões e Ônibus. O modelo adotado é o e-Delivery 11, com capacidade de 11,4 toneladas e três módulos de baterias capazes de fornecer autonomia de até 110 km.

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Para a agenda

13/12 — Nesta terça, a AHK Paraná (Cooperação Câmara Brasil-Alemanha) promove webinar sobre as inovações e os desafios da eletromobilidade. No evento, serão discutidos os aspectos da evolução das baterias, a atual matriz energética brasileira e os impactos ambientais e financeiros da eletrificação veicular. Também serão abordados o papel do hidrogênio verde e a transformação digital nesse cenário. O evento acontece das 10h30 às 12h. Os interessados poderão se inscrever no site da AHK Paraná.

13/12 — A Fundação SOS Mata Atlântica anuncia, durante a Conferência de Biodiversidade da ONU (COP15), em Montreal, no Canadá, dez ecossistemas-bandeira de diferentes regiões do mundo com o potencial de, juntos, restaurar mais de 68 milhões de hectares. Faz parte de uma ação coletiva liderada pelas agências da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma) e Alimentação (FAO). A cerimônia tem início às 10h no horário de Brasília com transmissão virtual pelo site da Década da Restauração

14/12 — O programa Combustível do Futuro será tema de live nesta quarta, às 19h, com o ex-secretário adjunto do MME Pietro Mendes, o consultor de mobilidade sustentável da Unica, Ricardo de Abreu e o professor da Unirio José Carlos Buzanello. Transmissão no Youtube