newsletter
Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
[email protected]
Ministros de Energia e Meio Ambiente dos países ricos que compõem o G7 — e são responsáveis por um quarto das emissões de carbono — prometeram “descarbonizar principalmente os setores de energia”. Com a declaração, divulgaram um plano de cinco pontos para minerais críticos.
O comunicado lançado neste domingo (16/4) no encerramento das conversações em Sapporo, no Japão, afirma que as nações trabalharão por “setores de energia predominantemente descarbonizados” até 2035, e pede que outros países eliminem gradualmente a nova geração de energia a carvão “o mais rápido possível”.
E para por aí. O grupo formado por Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e o Canadá abriu mão do prazo até 2030 para a eliminação gradual do carvão, atendendo às pressões do Canadá e outros membros.
Deixaram também a porta aberta para investimentos contínuos em gás, dizendo que o setor poderia ajudar a lidar com possíveis déficits de energia. Reuters
Em 2021, o G7 assumiu compromisso de interromper, até o final daquele ano, os subsídios públicos para a geração térmica a carvão.
A agenda elencou a transição para outras fontes de energia com menor intensidade de carbono como crucial para os planos de emissões líquidas zero até 2050.
Quase dois anos (e uma crise energética) depois, a transição parece ter perdido um pouco da urgência nas maiores economias.
“Em meio a uma crise energética sem precedentes, é importante propor medidas para enfrentar as mudanças climáticas e promover a segurança energética ao mesmo tempo”, disse em coletiva o ministro da indústria japonês, Yasutoshi Nishimura.
“Embora reconheçamos que existem diversos caminhos para alcançar a neutralidade de carbono, concordamos com a importância de buscar uma meta comum para 2050”.
O Japão, inclusive, ganhou um endosso para seu plano energético com ênfase no “carvão limpo” e na energia nuclear e de hidrogênio. O país depende do carvão para quase um terço de sua geração de energia. Deutsche Welle
Plano para minerais críticos
Uma área que exigirá muita cooperação internacional para garantir o fluxo e a sustentabilidade da cadeia de suprimentos ganhou um Plano de Cinco Pontos dos ministros do G7.
Dados da BloombergNEF apontam que a demanda por metais para solar, eólica, baterias e veículos elétricos quintuplicará até 2050 — um mercado potencial de US$ 10 trilhões — mas o abastecimento é limitado.
O documento do G7 reconhece a necessidade de “prevenir riscos econômicos e de segurança causados por cadeias de abastecimento vulneráveis, monopolização, falta de diversificação dos fornecedores existentes de minerais críticos”.
E propõe “fortes padrões ambientais, sociais e de governança (ESG)”. Veja na íntegra (.pdf)
Cobrimos por aqui:
- G7 lança clube do clima e pode padronizar commodities verdes
- G7 anuncia US$ 600 bi para infra sustentável e energias renováveis
- Consumo de hidrogênio pelo G7 pode crescer sete vezes até 2050
Curtas
Biorrefino
A Acelen assinou um memorando de investimentos com o governo da Bahia para investimentos de R$ 12 bilhões em biorrefino na Bahia, a partir da infraestrutura existente da refinaria de Mataripe.
Os termos foram assinados entre representantes da empresa, do fundo dos Emirados Árabes Mubadala Capital e o governador Jerônimo Rodrigues (PT). O projeto prevê a produção de 20 mil barris/dia de diesel renovável e SAF (aviação), inicialmente, para exportação, com início de produção em 2026.
Hidrogênio verde e azul
A SPIC Brasil fechou um acordo com a Prumo Logística para avaliar projetos conjuntos de energia renovável — energia solar, parques eólicos offshore e a produção de hidrogênio verde e azul no Rio de Janeiro. O Memorando de Entendimento (MoU, na sigla em inglês) foi assinado na visita do presidente Lula à China.
Foz do Amazonas
O tipo de estudo ambiental proposto por ambientalistas — e com apoio público da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede) — a ser executado antes de uma decisão sobre a perfuração na bacia da Foz do Amazonas está parado há três governos.
Até o momento, foram contratadas Avaliações Ambientais de Área Sedimentar (AAAS) para as bacias marítimas de Sergipe e Jacuípe; e para o Solimões, no Amazonas, em terra. Consultorias ambientais entregaram as informações aos órgãos da União, mas os atos necessários para concluir as AAAS caíram nos “revogaços” de 2019, no governo Jair Bolsonaro (PL). Leia na epbr
Passe livre
Um número crescente de cidades e projetos em discussão na Câmara dos Deputados querem tornar a tarifa zero do transporte público uma política nacional — embora financiá-la em grandes centros urbanos ainda seja um imenso desafio. A política é uma forma de garantir acesso a quem não tem dinheiro para pagar a passagem, além de incentivar o abandono do transporte individual por uma alternativa mais sustentável.
Ao menos 67 cidades brasileiras — com populações que variam de 3 mil a mais de 300 mil habitantes — já adotam a tarifa zero em todo o seu sistema de transporte, durante todos os dias da semana. Outros sete municípios adotam a política de forma parcial e quatro capitais estudam neste momento a possibilidade de adotar a tarifa zero em seus sistemas. BBC