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Diálogos da Transição
Editada por Nayara Machado
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O mercado de geração solar aquecido — nos últimos doze meses, a potência instalada de sistemas fotovoltaicos aumentou 84% no país — alavancou o movimento de fusões e aquisições em 2022. O crescimento foi de 92% em relação a 2021, mostra levantamento da consultoria Redirection International.
No ano passado, 25 transações foram concluídas, ante 13 em 2021. Os dados levam em conta todas as negociações de fusões e aquisições envolvendo empresas de geração e distribuição fotovoltaica. Startups, serviços ou formação de joint ventures no segmento não contam no estudo.
Entre os fatores que impulsionaram a atração de investimentos no setor, o relatório destaca o marco da micro e minigeração distribuída, sancionado em janeiro do ano passado, e os incentivos fiscais para a instalação de sistemas fotovoltaicos.
A Lei 14.300/2022 traz um cronograma de redução de subsídios para quem gera a própria energia. Quem instalou painéis solares e pediu conexão à rede até 6 de janeiro de 2023 ainda se enquadra nas isenções, até 2045.
Já quem resolver entrar para a GD este ano passará a pagar encargos da ordem de 15% sobre a energia injetada na rede, para compensar os custos de distribuição que hoje são rateados pelo restante dos consumidores na conta de luz.
O levantamento aponta ainda que o setor macro de energia no Brasil — que engloba todas as fontes de geração — também cresceu no volume de fusões e aquisições.
As operações envolvendo companhias energéticas representaram 10% do total de transações registradas no Brasil no ano passado, com 114 negociações consolidadas, crescimento de 81% em relação a 2021, quando foram 63.
“Isso demonstra a resiliência deste segmento que está na contramão do mercado nacional, que registrou queda de 7,8% no volume total em 2022”, observa Adam Patterson, sócio da Redirection.
34 GW em 2023
Esta é a expectativa de potência instalada de painéis fotovoltaicos no Brasil, segundo a Absolar (associação do setor). No último ano, o salto em instalações foi de 13 gigawatts (GW) em janeiro de 2022 para 23,9 GW no início de 2023.
O otimismo acompanha as projeções da Redirection para as operações de fusão e aquisição de projetos de energia solar — principalmente com a entrada de investidores globais em busca de segurança energética e alta rentabilidade.
O mercado de startups também deve intensificar os negócios nos próximos anos. Levantamento da plataforma de inovação Distrito mostra que as energytechs atraíram, nos 11 primeiros meses de 2022, cerca de US$ 288 milhões em investimentos, crescimento de 134% em relação a 2021.
“O setor tem tudo para crescer com a entrada de mais investimentos privados e capital estrangeiro. Grandes players buscam projetos de qualidade em energia solar e as empresas tradicionais de energia estão cada vez mais atentas a esse tipo de geração”, defende Patterson.
Como exemplo, ele cita os investimentos das majors TotalEnergies, Shell e Equinor em plataformas renováveis no Brasil.
Esta semana, a Total teve sua joint venture com a Casa dos Ventos aprovada pelo Cade, um negócio avaliado em R$ 12,6 bilhões para desenvolver geração renovável. Uma das maiores produtoras ocidentais de petróleo e gás, a empresa francesa está desenvolvendo 9 GW de capacidade de geração eólica offshore na costa do Brasil.
No final do ano passado, a norueguesa Equinor anunciou sua decisão final de investimento no projeto solar Mendubim de 531 MW no Rio Grande do Norte. O empreendimento é desenvolvido como uma joint venture com a Scatec e a Hydro Rein.
Com investimento estimado em cerca de US$ 430 milhões, Mendubim é o segundo projeto solar de grande escala da Equinor no Brasil, seguindo a usina solar Apodi de 162 MW, que entrou em operação em 2018 no Ceará.
Já a Shell tem um protocolo de intenções com o governo de Minas Gerais para investimento de aproximadamente R$ 7 bilhões em energia solar. A companhia também está de olho em projetos eólicos e de hidrogênio verde.
Cobrimos por aqui:
- Solar atinge 23,9 GW e sobe para 2º lugar em potência no Brasil
- Eólica e solar avançam em novas adições globais — carvão também
- Capacidade global de energia solar deve chegar a 2,3 TW em 2025
Transição no discurso do novo presidente da Petrobras
Em vídeo com o primeiro discurso após a posse, que aconteceu nesta quinta (26/1), Jean Paul Prates afirmou que o porte e a trajetória da Petrobras fazem com que ela ocupe, naturalmente, um papel de grande impulsionadora da transição energética no Brasil.
Segundo Prates, é fundamental que a companhia “abra novos horizontes” e aplique seu conhecimento e experiência para novas energias, “sejam os bioprodutos ou em outras fronteiras de energias renováveis”.
Mas também defendeu ampliar as fronteiras exploratórias de óleo e gás da companhia, com destaque para o pré-sal e a margem equatorial — esta última é alvo de críticas de ambientalistas pelo risco à biodiversidade local.
“Trabalharemos para que a Petrobras siga sua jornada na indústria de petróleo e gás, mas também trilhe novos caminhos perseguindo a descarbonização, acelerando a diversificação rentável e a transição energética justa”.
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Aporte para GD compartilhada
A Órigo Energia, empresa de geração compartilhada no Brasil, recebeu aporte de R$ 250 milhões da gestora de fundos norte-americana Augment Infrastructure para investir na expansão de fazendas solares.
A companhia projeta um capex acumulado de R$ 4 bilhões para investir até 2025, quando terá potência instalada de mais de 1 GWp (gigawatt pico) para atender a mais de 500 mil clientes do país. Hoje são cerca de 60 mil clientes e 200 MWp em fazendas solares em Minas Gerais, Pernambuco, Ceará e São Paulo.
Eletropostos para frete europeu
A bp pulse, negócio de carregamento de veículos elétricos da petroleira britânica, anunciou esta semana o primeiro corredor de eletropostos públicos para caminhões médios e pesados (e-trucks) na Europa. Seis postos equipados com pontos de carregamento ultrarrápidos de 300kw cobrem um trecho de 600 km do corredor Reno-Alpino na Alemanha — uma das rotas rodoviárias de carga mais movimentadas da Europa.
SAF com créditos
Os legisladores do estado de Illinois, nos EUA, aprovaram um crédito fiscal de US$ 1,50/galão (ou 3,78 litros) para combustível de aviação sustentável (SAF, em inglês). A legislação ainda precisa ser sancionada pelo governador democrata JB Pritzker e valerá de 1º de junho de 2023 a 1º de junho de 2033. O estado ocupa o 5º lugar no ranking EUA para demanda de combustível de aviação, com quase 70 mil barris/dia. Argus
CCS em siderúrgicas japonesas
Nippon Steel, Mitsubishi Corporation e ExxonMobil firmaram um acordo para estudar o potencial de uma cadeia de valor para projetos de captura e armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês) nas regiões da Ásia-Pacífico.
As três empresas vão pesquisar a aplicação do CCS nas siderúrgicas da Nippon, além de avaliar infraestrutura e oportunidades de armazenamento, inclusive na Malásia, Indonésia e Austrália.
- Opinião | A descarbonização e o hidrogênio no Brasil País pode se posicionar como exportador de commodities de baixo carbono, além de agregar valor à sua balança comercial e beneficiar reindustrialização mais sustentável, analisa Carlos Peixoto