Energia

Fundo Clima terá R$ 3 bilhões em 2023 e maior parte vai para energia, diz Marina

Energias renováveis ficarão com 39% do orçamento e eficiência energética com outros 19%

Transição energética e cooperação internacional: o que o Brasil pode aprender com a África do Sul. Na imagem: Turbinas eólicas da Enel Green Power no continente africano, com pôr-do-sol so fundo e céu em tom alaranjado (Foto: Divulgação RES4Africa/Enel)
Turbinas eólicas da Enel Green Power no continente africano (Foto: Divulgação RES4Africa/Enel)

BRASÍLIA – A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou nesta quarta (24/5) que a maior parte dos recursos do Fundo Clima será destinada à energia. Segundo ela, o fundo terá cerca de R$ 3 bilhões este ano, sendo 39% do montante voltado para as áreas de energias renováveis e 19% do valor para eficiência energética.

O fundo é um dos instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima.

Durante a apresentação dos planos da pasta de Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), na Câmara dos Deputados, Marina ressaltou que, embora o orçamento para iniciativas de transição energética fique a cargo do Ministério de Minas e Energia (MME), o MMA trabalhará com “o desenvolvimento de projetos inovadores” na área sustentável.

Geração limpa tipo exportação

A ministra defendeu que o país tem capacidade de ser “exportador de sustentabilidade”, especialmente diante da crise energética mundial.

“Nós podemos ter uma matriz energética 100% limpa, distribuída e segura […] Nós temos interesse em vender, nós somos os pais do produto, estamos nos ‘autocertificando’”, declarou.

Ela destacou ainda que fontes como eólica, biomassa e solar são uma realidade no Brasil, mas precisam de incentivos para não perderem sua relevância na matriz.

Também alertou que o país não pode perder a oportunidade de explorar as energias de terceira geração, como o hidrogênio verde.

“Perdemos essa janela de oportunidades [sobre a tentativa de transformar o etanol brasileiro em commodity], mas os biocombustíveis ainda são uma realidade no nosso país, precisam de incentivos. Não podemos perder a janela do hidrogênio verde.”

Marina disse que trabalha, na pasta, para não inviabilizar as vantagens comparativas que o Brasil tem. “Se destruirmos a legislação ambiental brasileira, essas janelas de oportunidades vão se fechar”, ressaltou.

E adiantou que o MMA deve focar em políticas ambientais integradas a vários setores no novo modelo de desenvolvimento sustentável do governo.

“Não tem como ter política ambiental sendo apenas setorial, ela precisa estar integrada e internalizada nas ações de energia, transporte e agricultura para que a gente possa fazer frente ao novo modelo de desenvolvimento”, enfatizou a ministra.

Foz do Amazonas na pauta

Questionada sobre a possibilidade de exploração de petróleo na Foz do Amazonas, Marina reiterou que acompanha a decisão do Ibama – o órgão rejeitou o pedido de licença da Petrobras.

“O governo tomou a decisão de que projetos de impactos ambientais terão de ser avaliados
estrategicamente”, disse.

Na opinião da ministra, a Petrobras deve deixar de ser apenas uma empresa de exploração
de petróleo e “se tornar uma empresa de produção de energia”.

Também esteve presente na reunião da Câmara dos Deputados o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, que voltou a declarar que a decisão segue parecer técnico e não político.

“O Ibama é um órgão técnico e vai fazer o possível para o combate ao desmatamento”, afirmou.

“Não é o Ibama que vai fazer política energética. Não é o Ibama que vai discutir se o Brasil vai investir em petróleo ou hidrogênio verde. Neste ano já emiti 23 licenças para Petrobras, então se eu tivesse algo contra Petrobras eu não estaria licenciando atividade de exploração de petróleo”, explicou Agostinho.