BRASÍLIA — Governo do Ceará e Fortescue Future Industries (FFI) assinaram nesta quarta (9/11) uma emenda ao Memorando de Entendimento (MoU) firmado em meados de 2021, para que a australiana priorize o projeto de hidrogênio verde no hub do Pecém.
A intenção é iniciar a produção do combustível a partir da eletrólise com energias renováveis em larga escala já em 2027.
O anúncio foi feito durante a COP27, no Egito.
Segundo a FFI, a empresa iniciou os estudos de viabilidade e está trabalhando para obter licenças para o Projeto Pecém.
Já o governo local se compromete a apoiar a disponibilidade de terrenos para o projeto, inclusive para abrigar linhas de transmissão e subestações para acesso ao ponto de conexão da rede.
Se os estudos em andamento confirmarem a viabilidade do projeto, a FFI tem como meta uma Decisão Final de Investimento até 2024 e o início da produção de hidrogênio em larga escala no Ceará em 2027.
A emenda reforça os compromissos do MoU, incluindo o estabelecimento de diretrizes para promover o desenvolvimento de uma indústria local de hidrogênio verde no Ceará, e estende o acordo por um período de 20 anos, prorrogável por mais 20 anos.
O MoU prevê investimentos de US$ 6 bilhões.
Em julho deste ano, a FFI assinou um pré-contrato com o governo do Ceará para avançar com estudos de pré-viabilidade do projeto. A subsidiária da mineradora australiana está avaliando impacto ambiental e social do empreendimento.
Hub de hidrogênio
O Ceará tenta atrair a Fortescue e outras empresas para a instalação de um hub de hidrogênio verde no Porto do Pecém. Até o momento, o governo estadual já assinou 18 memorandos de cooperação com diferentes agentes de mercado, com o objetivo de produzir e exportar hidrogênio verde a partir do complexo portuário.
Além da australiana, também possuem memorandos de entendimento para instalação de projetos do tipo, em Pecém, empresas como a Qair Brasil, White Martins e a australiana Enegix.
US$ 5 trilhões até 2050
Pesquisa do Goldman Sachs aponta que, para alcançar as metas de emissões líquidas zero até 2050, o mundo precisará investir US$ 5 trilhões até lá na cadeia de fornecimento direto de hidrogênio limpo.
Os cálculos consideram produção (eletrolisadores e CCUS para hidrogênio verde e azul, respectivamente), armazenamento, distribuição, transmissão e comércio global e cobrem apenas o capex (os aportes de capital).
O relatório destaca que a ação dos governos será fundamental para esse mercado, e aborda uma gama de ferramentas disponíveis para apoio de políticas de incentivo.
Regiões do Médio Oriente e Norte da África, Austrália e Chile são apontadas como potenciais regiões exportadoras, especialmente via oceanos.
As vantagens dessas regiões são a vasta disponibilidade de recursos de energia renovável de baixo custo ou de gás natural com captura e armazenamento de carbono, além da capacidade de excedente do suprimento da demanda doméstica.