Com investimento de US$ 6 bilhões, a Fortescue Future Industries (FFI), subsidiária da mineradora australiana Fortescue Metals Group, vai construir uma usina de hidrogênio verde (H2V) no Ceará.
A FFI assinou um memorando entendimento com o governo do estado nesta quarta (7).
Como antecipado pela epbr, a usina vai fazer parte do Hub de Hidrogênio Verde, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. A meta da FFI é começar as operações em 2025. Globalmente, a companhia espera produzir 15 milhões de toneladas de H2V até 2030.
“Na FFI, nossa visão é fazer do hidrogênio verde a commodity de energia mais comercializada globalmente no mundo. Queremos impulsionar o uso da energia verde e a indústria de produtos, aproveitando os recursos de energia renovável do mundo para produzir eletricidade verde” afirmou a CEO da empresa, Julie Shuttleworth.
O presidente da Fortescue para a América Latina, Agustin Pichot, reconheceu o potencial significativo de energia renovável do Ceará.
“O Ceará tem infraestrutura portuária e localização estratégica. Este acordo permitirá a transição energética do Brasil para a descarbonização”, disse Pichot.
Ontem (6), a Qair Brasil também oficializou suas intenções de instalar um planta para produção de H2V e um parque eólico offshore no estado, com investimento total de US$ 6,95 bilhões.
A White Martins e a australiana Enegix também já possuem memorandos de entendimento para investimentos no Hub de Hidrogênio do Pecém.
O governo estadual busca parcerias para o desenvolvimento de uma cadeia de valor para o hidrogênio verde, se antecipando ao lançamento do Programa Nacional do Hidrogênio, cujas diretrizes estão em fase de definição pelo governo federal.
A iniciativa também conta com a participação de empresas de energia renovável atuantes no estado, que estão fazendo a ponte entre investidores interessados no hub e o governo.
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Investimentos em H2V e amônia verde
Líder global na indústria de minério de ferro, a Fortescue tem outras iniciativas na área de H2V, com o objetivo de alcançar a meta de zero emissões de carbono até 2030.
A companhia pretende começar a implantação, ainda este ano, de uma usina para produção de amônia verde — a partir do H2V — na ilha da Tasmânia, na Austrália, voltada ao suprimento do mercado do Japão.
Além disso, em março, a Fortescue já tinha assinado um memorando do tipo com o Porto do Açu, no Rio de Janeiro, também voltado ao desenvolvimento de uma unidade de produção de H2V e amônia verde totalmente destinada para exportação.
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Cenário promissor para o Brasil
A demanda de hidrogênio irá passar de 90 milhões de toneladas em 2020 para mais de 200 milhões de toneladas em 2030, calcula o cenário carbono zero traçado pela Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).
O estudo leva em conta a substituição do hidrogênio usado atualmente, feito a partir de combustíveis fósseis, por hidrogênio de baixo carbono — como o verde, produzido a partir da eletrólise com energia renovável.
E o cenário é promissor para o Brasil.
“O Brasil tem um enorme potencial para hidrogênio com baixo teor de carbono e já estamos vendo atores brasileiros assumindo papéis muito ativos no campo do hidrogênio verde”, disse Mechthild Wörsdörfer, diretora de sustentabilidade da IEA, durante o Fórum Ministerial do Diálogo em Alto Nível das Nações Unidas sobre Energia no mês passado.
Ela citou como exemplo a participação ativa do Porto do Pecém, no Ceará, na Coalizão Global de Portos de Hidrogênio (Global Hydrogen Ports Coalition) formada no mês passado, que pretende compartilhar informações para o desenvolvimento de projetos de hidrogênio ao redor do mundo.
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