Empresas

Fortescue anuncia decisão antecipada de investimento em hidrogênio verde no Ceará

Produção de H2 no hub do Pecém recebeu o apoio da diretoria global do grupo australiano e segue para fase de viabilidade

Fortescue anuncia decisão antecipada de investimento ((EID) em planta de hidrogênio verde no Complexo do Pecém, no Ceará; decisão final está prevista para 2025. Na imagem: Vista do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Foto: Gladison Oliveira)
Vista do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Foto: Gladison Oliveira)

A Fortescue anunciou, nesta quarta (17/7), que chegou à decisão antecipada de investimento (EID, na sigla em inglês) no projeto de produção de hidrogênio verde (eletrólise com energia renovável) no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará. A EID é a etapa que antecede a decisão final de investimento (FID), prevista para 2025.

Com aporte estimado em US$ 5 bilhões, o empreendimento pretende produzir 837 toneladas de hidrogênio verde por dia, a partir de 2027. Para isso, planeja um consumo de 2.100 MW de energia renovável. No final de 2023, o grupo recebeu a primeira licença prévia do hub cearense.

O anúncio da decisão de investimento no Brasil ocorreu em meio à divulgação de quais projetos globais da Fortescue avançaram para as fases de EID e FID. Um deles é o Arizona Hydrogen, nos Estados Unidos, que recebeu a FID em maio.

Com a decisão antecipada de investimento, a planta de hidrogênio do Pecém segue para a fase de viabilidade. No anúncio, o grupo destacou que o projeto brasileiro está entre os prioritários do seu portfólio no mundo, graças à disponibilidade de energia renovável, infraestrutura e capital humano e a recente aprovação do marco legal para essa nova indústria.

 “O Brasil fez um importante avanço na regulamentação de uma indústria que protagonizará a descarbonização e a transição energética nacionais, passos fundamentais para a neoindustrialização verde da economia brasileira”, comenta Sebastián Delgui, gerente regional de Relações Governamentais da Fortescue para a América Latina.

“A cadeia de valor do H2V abrange todo o país e beneficiará diversos setores industriais, como fertilizantes, cimento, aço e aviação, por exemplo. O Brasil está no rumo certo”, completa.

Aprovado pela Câmara dos Deputados na última semana e aguardando sanção de Lula (PT), o marco do hidrogênio de baixo carbono (PL 2.308/23) estabelece uma série de incentivos fiscais e financeiros para estimular a produção do energético.

Há previsão de concessão de créditos fiscais de R$ 18,3 bilhões entre 2028 e 2032 para os projetos relacionados à indústria do hidrogênio, sem restrição de rota. O modelo de investimento foi construído em articulações junto ao Ministério da Fazenda.

Os deputados também deram aval ao aumento do teto de emissões para que o hidrogênio seja considerado de baixo carbono. Durante a votação no Senado, em mudança de última hora, o relator Otto Alencar (PSD/BA) elevou o índice máximo de 4 kgCO2eq por kg de H2 produzido para 7 kgCO2eq/kgH2.

EID e FID

Além do Arizona Hydrogen, nos EUA, o projeto Gladstone PEM50, na Austrália, também recebeu decisão final de investimento. Enquanto os projetos Pecém, no Brasil, e Holmaneset, na Noruega, estão na etapa anterior, de EID.

O grupo também explora possibilidades no Marrocos, Argentina, Nova Zelândia, Omã, Egito, Quênia, e Jordânia.

Na prática, a EID funciona como uma autorização formal para iniciar as primeiras obras após a conclusão da fase de pré-viabilidade e o cumprimento dos pré-requisitos necessários para avançar para a fase de viabilidade.

Simboliza a autorização da diretoria da empresa para o início das obras, que no caso do projeto no Pecém, ainda vai ser anunciado e deve começar pela preparação de terreno.

Neste momento, a Fortescue afirma que está trabalhando nas últimas definições e ajustes do projeto de engenharia que serão importantes antes de iniciar a preparação da área da planta de hidrogênio verde, cumprindo com as normativas socioambientais. A expectativa é começar as obras até o final do ano.