BRASÍLIA — O sistema de monitoramento por satélite Deter, do Inpe, registrou em setembro 41.282 focos de queimada no bioma amazônico, um aumento de 147% em relação ao mesmo período do ano passado e o pior desde 2010.
A área de alertas de desmatamento na Amazônia em setembro foi de 1.455 km², mostrou o instituto de pesquisas espaciais nesta sexta (7/10). O número representa crescimento de 47,7% em relação a setembro do ano passado e empata com 2019 (1.454 km²) como o recorde para o mês da série histórica iniciada em 2015.
Convertida em gás carbônico, a devastação detectada nesse único mês representa a emissão de 70 milhões de toneladas, o equivalente às emissões anuais da Áustria, calcula o Observatório do Clima.
No acumulado do ano, desde janeiro, a área de alertas de desmate até setembro já é 4,5% maior do que a verificada até dezembro de 2021, e pode igualar ou superar nos três meses que restam o recorde histórico de 2019 (9.178 km²).
‘Um Maracanã a cada dois minutos’
Faltando exatamente um mês para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), que ocorrerá em Sharm El Sheikh, no Egito, o Brasil ainda não apresentou ações eficazes para cumprir o acordo climático de Paris e colaborar com os esforços internacionais para limitar o aquecimento do planeta a 1,5ºC.
Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, em 2019, até o final do ano passado, o Brasil perdeu 42.517 km² em vegetação nativa, ou quase um estado do Rio de Janeiro (que tem 43.696 km²), mostra o mais recente Relatório Anual de Desmatamento no Brasil (RAD), do MapBiomas.
Somente no ano passado, houve um aumento de 20% em relação a 2020 na perda de cobertura vegetal em todos os biomas, com 16.557 km² de desmatamento.
Também aumentou a velocidade de destruição no país. Com uma média diária de 191 novos eventos, a área de desmatamento foi de 189 hectares por hora, ou “um Maracanã a cada dois minutos”, calcula a organização.
Na Amazônia foram 111,6 hectares desmatados por hora ou 1,9 hectare por minuto, o que equivale a cerca de 18 árvores por segundo.
O estudo, que refinou e validou 69.796 alertas de desmatamento em 2021 em todo o território nacional, avaliou individualmente cada evento de desmatamento cruzando com dados de áreas protegidas, autorizações e cadastro ambiental rural (CAR) e encontrou indícios de irregularidades em mais de 98% dos casos.
Apenas em 1,34% dos alertas (que correspondem a 0,87% do total desmatado) não foram encontrados indícios ou evidências de irregularidades.
O percentual de irregularidade está em linha com os 99% detectados nos relatórios de 2019 e 2020, destaca o Mapbiomas.
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